São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995
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Escritor critica mercado livre na China

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA EM PORTO ALEGRE

O escritor Mario Vargas Llosa criticou ontem, no "8º Fórum da Liberdade", os regimes que pretendem combinar mercado livre com autocracia política, citando, entre outros exemplos, o caso da China.
O "chairman" do Conselho de Promoção de Comércio Internacional da China, Zheng Hongye, que tem status de ministro e foi um dos convidados a dar palestra no fórum, demonstrou desagrado com o comentário.
Zheng Hongye disse que o escritor precisa ir à China para conhecer de perto as reformas.
Segundo Hongye, 206 mil empresários estrangeiros estão investindo na China. No ano passado, segundo ele, o país recebeu US$ 97 bilhões, originários de mais de cem países. "A abertura é um sucesso", declarou Hongye.
Vargas Llosa, que é um defensor do liberalismo, previu que a China sofrerá "uma irresistível pressão popular" para que a autonomia concedida aos negócios seja reconhecida aos cidadãos "na hora de se expressar, decidir sua vida e eleger seus governantes".
O escritor também criticou o nacionalismo que, na sua opinião, "é uma utopia não menos irreal do que aquelas que propõem a sociedade sem classes".
Ele disse que há um processo de internacionalização da vida que vai "carcomendo" as fronteiras das nações.
O professor da Universidade de Nova York, Israel Kirzner, disse que a concorrência no livre comércio —tema central do fórum— significa "ausência de privilégios". Ele defendeu a necessidade de uma "educação econômica", a fim de que investidores estrangeiros não sejam vistos como "invasores".
Também participaram do fórum, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), o ministro Paulo Renato Souza (Educação), o deputado Roberto Campos (PPR-RJ) —que criticou os monopólios estatais— e o deputado Eduardo Mascarenhas (PSDB-RJ), além do empresário Donald Stewart Jr.
Os debates, assistidos por mais de mil pessoas, tiveram como mediador o economista Eduardo Giannetti da Fonseca.

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