São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Em meio a bate-boca, PT propõe reformas

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT definiu neste final de semana, em reunião do Diretório Nacional, as linhas gerais das propostas de emenda constitucional que pretende apresentar.
A discussão da Previdência Social provocou bate-boca entre o deputado José Genoino (SP) e o prefeito de Santos, David Capistrano.
Genoino não gostou de o plenário ter decidido que o deputado Eduardo Jorge (PT-SP) retirasse emenda de sua autoria sobre Previdência apresentada há dois anos.
"Isso é um absurdo. O partido pode dizer que a emenda não é dele, mas não pode obrigar o deputado a retirá-la", disse Genoino aos jornalistas em um dos intervalos da reunião.
Capistrano, que passava pelo local, criticou a atitude do parlamentar: "Absurdo é você vir até aqui fora falar sobre isso."
Genoino ficou furioso. "Que desaforo! Você está pensando que manda em mim como manda na prefeitura do PT?", respondeu o deputado com o tom de voz elevado em alguns decibéis.
A discussão entre ambos em parte é reflexo da demora do PT em definir propostas sobre alguns temas, entre eles a Previdência.
Na reunião que terminou ontem, os petistas aprovaram apenas princípios gerais que deverão orientar sua posição em relação ao tema.
As propostas concretas serão definidas por uma comissão, que não tem prazo definido para terminar seus trabalhos.
Jorge afirmou que só retira sua emenda no momento em que o PT apresentar sua proposta. Ele integra a comissão que vai definir as emendas petistas.
Entre os princípios aprovados ontem, estão a defesa da aposentadoria por tempo de serviço e do direito à aposentadoria especial para quem trabalha em condições que a justifiquem.
Em relação à reforma tributária, o partido aprovou também alguns princípios que vão orientar o trabalho de outra comissão.
O capítulo da Ordem Econômica é o que encontra maior consenso entre os petistas. É justamente a área em que há maior rejeição às propostas do governo.
Os petistas são contra a quebra dos monopólios do petróleo e das telecomunicações. Mas pretendem apresentar propostas de mudanças na gestão das estatais.
A bancada federal do partido já apresentou emendas nesse sentido, que foram referendadas ontem.
Em relação à gestão, a proposta do PT tem duas linhas: desburocratização e controle social das estatais. O partido propõe a flexibilização das regras de administração aplicáveis às empresas públicas.
"Queremos desligar as estatais das restrições aplicadas ao poder público", disse o deputado Milton Temer (PT-RJ). O objetivo é permitir que as empresas sejam geridas por um espírito profissional.
Em contrapartida, o partido propõe que acionistas minoritários, trabalhadores e representantes da sociedade integrem a administração das estatais.

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