São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Só um protesta em Novo Airão

SILVANA DE FREITAS
ENVIADA ESPECIAL A NOVO AIRÃO

FHC testou ontem a sua popularidade numa visita à cidade de Novo Airão (AM), às margens do rio Negro, no Amazonas.
Os 9.000 habitantes sobrevivem da extração da madeira e da construção artesanal de pequenos barcos. Os protestos contra FHC se resumiram à manifestação de Pedro Queiroz Laan, professor e militante local do PT.
FHC percorreu a pé trecho de 100 metros cercado por aproximadamente 300 pessoas. Ele foi ao local para conhecer um navio-hospital da Marinha que dá assistência médica na margem de rios.
Até chegar ao campo de decolagem do helicóptero que o levou a Manaus, FHC abraçou e beijou moradores da cidade, recebeu bilhetes e indagou a um grupo de crianças sobre quem gostaria de ir a Brasília com ele. Saiu sem esperar pelas respostas.
A segurança facilitou o acesso das pessoas. A maior preocupação era de FHC escorregar na lama próxima ao rio Negro.
A dona-de-casa Raimunda Sarmento, 60, andou 20 metros abraçada ao presidente. "Eu pedi que ele olhe por Novo Airão, mas acho que ele não ouviu".
Um único morador de Novo Airão tentou um tímido protesto contra o governo. Professor e militante do PT, Pedro Laan, 38, colocou faixas em frente à sua casa com críticas ao Plano Real e ao valor do salário mínimo: "Só eu tenho esta coragem (de protestar)".
Ao embarcar para Manaus, FHC voltou a atacar indiretamente a CUT (Central Única dos Trabalhadores) pela organização de manifestações contra as reformas.
"É gente organizada, vai de cá para lá, viaja muito e tem recursos para fazer barulho. Mas isto é esperneio de quem perdeu".
FHC também atribuiu os protestos a "beneficiários das corporações estatais que ganham bem e têm vida boa".
Segundo ele, estes não perderão "privilégios", mas enfrentarão maior "competição". Ele voltou a dizer não temer "bicho-papão".
O presidente foi para Novo Airão, a cerca de 180 quilômetros de Manaus, no sábado à noite. Um barco da Marinha o levou até o navio de patrulha fluvial "Raposo Tavares", onde ele dormiu.

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