São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Entre o gramado e o craque, o banco

Válber nos relembra esse martírio

MARCELO FROMER E NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

As declarações do jogador Válber, do Palmeiras, após a vitória de seu time diante do Moleque Travesso -quando fez os três gols da partida-, foram, com certeza, uma cena digna de reflexão. Com os olhos cheios, o herói do jogo parecia um tanto magoado e ressentido, apesar de sua brilhante performance durante a peleja. Estava tomado de um sentimento comum, mas dificilmente exteriorizado por aqueles que jogam bola por profissão.
Depois de ter despontado, ao lado de Rivaldo, no carrossel do interior paulista, o Mogi Mirim, e rapidamente ter passado pelo alvinegro do Parque São Jorge, antes da ida para o Oriente, foi resgatado pelo Palmeiras para a temporada do mal bolado Campeonato Paulista.
O Palmeiras, que havia vendido três de seus maiores craques -o sólido e carismático César Sampaio, o eficiente craque Zinho e o matador Evair- para o Japão, buscou novas alternativas para manter o supertime que tem papado todos e tudo por aí. Válber veio preencher um espaço, convenhamos, difícil de ser preenchido. E porque realmente não esteve bem nas primeiras apresentações, foi sacado do time e acabou indo para o banco. Para nós, simples espectadores, o banco é a arquibancada ou o sofá da sala, mas o artista não se sente nada confortável neste banco -afinal, é o banco de reservas. Não deve ser mole esquentar banco de reservas, mas, obviamente, o jogador deve estar preparado para isso. Afinal, o banco é o trampolim para o campo.
Vivemos justamente um momento do futebol brasileiro em que um calendário "jumencial" acaba forçosamente dando chances para que todo o elenco jogue e tente trocar o frio de uma reserva pelo calor de uma partida. A entrevista com Válber demonstrou que este momento é agudo na vida de um jogador e parece que, nessas horas, são poucos os companheiros dispostos a dar uma mão. Mas há casos de eternos e eficientes reservas guardados na manga para ocasiões especiais. Assim foi Fedato, do Palmeiras, que entrava em campo para sempre deixar sua marca de artilheiro-estepe. Recentemente, podemos citar o exemplo do carrasco do Morumbi, Tupãzinho. Há casos em que jogadores amargam a reserva até o ponto onde esta camisa não lhe cabe mais. Juninho passou mais de ano nessa situação e outro dia mesmo vestia a dez da seleção. Mas, quando o veloz e perspicaz repórter da Band Otávio Muniz conseguiu arrancar de Válber aquelas lágrimas, veio-nos a idéia de que o que a vida nos reserva é, nada mais, nada menos que um titular.

A contribuição desta semana para as mudanças malucas nas regras do futebol é até bastante razoável:
"Para contornar as más arbitragens, é preciso criar uma comissão de juízes para lances duvidosos. É só deixar a bola correr enquanto a comissão analisa, nem que seja com teipe. Outra solução: os juízes também tomarem cartões." (Joel A. Strapasson, Curitiba, PR)
Cartas podem ser enviadas para a Editoria de Esporte, al. Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo-SP, CEP 01290-900).

Texto Anterior: Vitória traz alívio a santistas
Próximo Texto: Juventus vence XV por 1 a 0 na rua Javari
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.