São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Traficante vende 'aos amigos'

DA REPORTAGEM LOCAL

O tráfico das "novas drogas" passa bem longe de locais barra pesada, como morros e bocas-de-fumo.
J., 21, mora em Ipanema (zona sul do Rio de Janeiro) e é um típico garoto do bairro. Sempre estudou em colégios particulares, gosta de tocar guitarra e nunca trabalhou.
Para ganhar um dinheiro extra, às vezes faz tráfico de ácido. "É fácil, é só avisar os amigos que as pessoas ligam para minha casa. Vende como água ", diz.
Ele diz que o dinheiro entra fácil. "Não dá trabalho e rola uma boa grana".
J. vende o ácido por R$ 15, mas não conta por quanto e de que forma tem acesso à droga.
O garoto conta que sente muito medo ao traficar. "Eu sei que é uma coisa perigosa e que posso ser preso a qualquer momento." Se isso acontecer, L. será acusado de um crime inafiançável e pode ser condenado a até xx anos de reclusão. "Quando tenho muita droga comigo fico desesperado", diz.
Mesmo assim, não é isso que faz com que ele diga que pretende largar esse "trabalho".
"O problema é que quando eu vendo acabo tomando muito. Se eu continuar assim vou acabar ficando louco", diz.
J. não gosta de cocaína e diz que sua droga preferida é a maconha. "Ela é imbatível."
Ele conta que vários amigos seus fazem esse tipo de trabalho.
Em São Paulo passar a droga também é fácil. Um "passador" que trouxe a droga do exterior conta que vendeu 40 ácidos em uma semana.
"Só ofereci para amigos. Se tivesse me esforçado teria vendido muito mais", diz.

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