São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Importados mais caros; Favelas verticais; Estudantes nas ruas; Direitos humanos; O guarda-roupa de Jackie; Acerto de contas; Dinheiro público; A questão das drogas

Importados mais caros
"Referente ao assunto 'governo sobe imposto de carro importado' tenho lido na Folha diversas opiniões, tanto de especialistas quanto do próprio governo sobre a abertura da economia, em geral defendida como forma de tornar a indústria nacional mais competitiva internacionalmente, principalmente depois do estabelecimento da tarifa externa comum (TEC). Com as medidas contra a importação, confesso que não entendo mais nada. Os empresários nacionais, do setor de veículos, por exemplo, devem estar rindo à toa. Já aqueles que acreditaram no discurso do governo vêem-se agora na situação constrangedora de ter comprometido seus altos investimentos."
Pedro Mesquita Júnior (Brasília, DF)

"A afirmação da ministra Dorothéa de que o governo não iria adotar novas medidas para o setor automobilístico, mesclada com o simultâneo aumento do imposto de importação para autos praticado pelo Ministério da Fazenda, mostram com transparência a falta de sintonia entre os ministros de FHC e assustam o investidor estrangeiro, que inteligente e já escaldado pelos exemplos do México e Argentina, carregam seu capital para mercados mais sérios e confiáveis, situação que drena rapidamente nossas reservas."
Orlando Lovecchio Filho (Santos, SP)

"Se De Gaulle fosse nosso presidente, provavelmente mandaria verificar quais firmas fecharam grandes pedidos de importados nos últimos dias e se algum político adquiriu ou entrou na fila de espera de uma BMW. Ainda bem que FHC prometeu que: 'jamais adotaria medidas de impacto'."
Aroldo Geraldo Silva Jr. (Cotia, SP)

"A indignação dos importadores pela quebra de compromisso do governo ao elevar a alíquota de importação teve a solidariedade de diversos setores da sociedade. Os servidores públicos vêm tendo seus salários aviltados há anos pelo descumprimento do governo às suas próprias leis de política salarial. Esses servidores são brasileiros, que necessitam pagar aluguel, comida, vestuário, transporte... Aí ninguém manifesta qualquer indignação."
Celia Regina dos Santos (Campinas, SP)

Favelas verticais
"A ex-secretária de Habitação de São Paulo, Ermínia Maricato, tenta pegar 'uma carona' no Projeto Cingapura do prefeito Paulo Maluf, de urbanização de favelas com verticalização, para esconder o fracasso que foi a gestão petista em matéria habitacional. Reurbanizar favelas é coisa de que se fala em São Paulo desde os anos 50, mas pouco se fez e somente agora se está fazendo de maneira correta. A gestão passada não tem uma única favela verticalizada para apresentar como obra sua. O máximo que a ex-secretária fez foi criar mais favelas, oferecendo o terreno, madeiras e telhas. Assim surgiu, por exemplo, em 91, a favela situada atrás do Centro Cultural do Jabaquara. A ex-secretária está indiciada em diversos inquéritos da Delegacia de Defesa Comunitária e Fundiária, tendo que responder por cerca de US$ 70 milhões repassados pelo PT aos mutirões que ela elogia, mas que não prestavam conta do dinheiro público recebido. Em compensação, em julho de 94, o líder desses mutirões, Paulo Conforto, estava confortavelmente em Londres e Manchester, participando de algo parecido com um congresso mundial de sem-tetos. Finalmente, a ex-secretária recorre a uma abjeta 'contabilidade da morte' em desmoronamentos, que além de tudo é cinicamente falsa: apenas na favela Nova República morreram em único dia, 24/10/89, mais pessoas que nos dois primeiros anos da atual gestão. Quanto ao Projeto Cingapura, suas obras foram licitadas no final de 93, iniciadas em março de 94 e os primeiros prédios entregues a partir de dezembro de 94. O fato de os recursos serem próprios, e não empréstimos do BID, apenas acentua a prioridade que a habitação popular tem para o prefeito Paulo Maluf. Seria irreal dizer que todas as favelas da cidade serão urbanizadas no atual governo. Mas se o governo passado tivesse feito (e não apenas 'projetado') ao menos a metade do que o atual está fazendo, hoje os favelados teriam mais casas e menos demagogia."
Lair Krahenbuhl, secretário da Habitação do Município de São Paulo (São Paulo, SP)

Estudantes nas ruas
"O que espera o jornalista Nelson de Sá da cobertura de TV? Temos que ter uma voz uníssona na imprensa, que concorde sempre com a interpretação que a Folha faz dos fatos, como no caso da última passeata dos estudantes em Brasília? Ou deve ser censurada a pressão legítima dos cidadãos em defesa da Constituição? A UNE vê com preocupação afirmações irônicas como as veiculadas pelo jornalista em sua coluna do dia 29/03. A manifestação foi organizada pelas entidades estudantis, não por partidos políticos. E não foi nenhum tipo de 'aliança' que levou estudantes às ruas em Brasília, Belo Horizonte, Rio, Fortaleza, Porto Alegre. Foi o profundo descontentamento com as medidas do governo."
Fernando Gusmão, presidente da UNE (São Paulo, SP)

Direitos humanos
"Oportuna a entrevista do sr. Pierre Sané, secretário-geral da Anistia Internacional, nesta Folha (26/03). Brilhante sua colocação sobre a vontade política dos governos em acabar com o desrespeito aos direitos humanos. Muito se tem falado sobre direitos humanos de presidiários, índios, crianças, idosos, mulheres, homossexuais etc. As ONGs -Organizações Não-Governamentais, que representam os direitos humanos- são dirigidas em sua grande maioria por pessoas sensíveis e esclarecidas, mas que ignoram as condições subumanas das pessoas portadoras de deficiência. Somos uma população muito grande em todos os países do mundo para continuarmos ignorados e esquecidos por décadas."
Rui Bianchi do Nascimento, diretor-executivo do Centro de Documentação e Informação do Portador de Deficiência (São Paulo, SP)

O guarda-roupa de Jackie
"Num momento em que os diplomatas brasileiros procuram, através da Associação Brasileira de Diplomatas, libertar-se do estigma dos 'punhos de renda', o Palácio dos Arcos acolhe uma exposição de peças do guarda-roupa de Jackie Kennedy Onassis. Tremendamente inoportuno nos parece este 'tributo' a uma personagem que outros méritos não teve na vida, além de colecionar sobrenomes famosos."
José Eduardo F. Giraudo (Brasília, DF)

Acerto de contas
"Já que o ministro da Saúde nada informa, pergunto: quando o Ministério da Saúde irá pagar os 50% restantes do faturamento de dezembro que deve aos hospitais?"
José Jacintho Cambraia (Pereira Barreto, SP)

Dinheiro público
"É de se estranhar as atitudes da Folha em certas ocasiões. A pequena cidade de Conceição do Araguaia gasta R$ 150 mil, ou seja, 45% da arrecadação do município, para recepcionar o presidente e ninguém condena este ato. Entretanto, o governador do DF gasta R$ 38 mil promovendo um ato público e a Folha é a primeira a condenar esta atitude."
Sandro Aurélio Bernardes (São Paulo, SP)

A questão das drogas
"Será que todas as pessoas que estão a favor da liberação das drogas sabem o que realmente estão querendo? Será que estão pensando ainda na maconha quando crianças, adolescentes e jovens consomem crack?"
Luiz Carlos dos Santos (São Paulo, SP)

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