São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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TV Senado

MARCELO BERABA

SÃO PAULO - O Senado se prepara para inaugurar seu próprio canal de televisão, que será transmitido pelas TVs a cabo através da Net Brasil.
O jornalista Fernando César Mesquita, responsável pelo projeto, informa que daqui a três meses o Senado estará pronto para iniciar as transmissões.
A lei das TVs a cabo sancionada em janeiro deste ano reserva nove canais gratuitos destinados a instituições políticas e organizações não-governamentais. O do Senado é um deles.
O projeto, segundo Mesquita, terá duas prioridades: transmitir ao vivo as sessões plenárias e as sessões das comissões e transmitir gravações de debates sobre os projetos em tramitação.
Na opinião do jornalista, a iniciativa dará transparência às atividades do Senado e aproximará o eleitor dos seus representantes. Em tese, tem razão.
Se o cidadão estiver interessado em acompanhar ao vivo uma sessão importante do Senado (ou de qualquer casa legislativa, estadual ou municipal) não precisará mais depender da programação irregular das emissoras comerciais. Ele passa a ter seu próprio instrumento de fiscalização.
Num rasgo de otimismo, poderíamos imaginar as transmissões ao vivo como fator de moralização e de transformação de costumes políticos.
Expostos pelo "zoom" das câmaras, é de se supor que os nobres senadores passariam a se envergonhar das sessões vazias e improdutivas.
Mas a tradição parlamentar não assegura este prognóstico. Certamente o espírito-de-corpo e o cinismo político mais uma vez prevalecerão.
Qual tem sido a atitude usual das mesas da Câmara e do Senado diante das ações dos parlamentares que desacreditam as instituições? Justificá-los, acobertá-los e culpar a imprensa por uma suposta campanha difamatória.
Tenho dúvidas se o novo canal vai ser um instrumento de exposição franca do Senado -como afirma Fernando César Mesquita- ou se fará parte da estratégia que planeja, tolamente, refazer a imagem desgastada da instituição através de ações publicitárias.
Aparentemente, os próprios senadores não têm clareza. Na dúvida, já bombardeiam a idéia. Seja para impedir que ela se realize na forma divulgada por Mesquita, seja para garantir lugar na telinha caso se concretize como peça de marketing.

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