São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Assembléia vai mediar negociação no ensino de SP

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A greve na rede estadual de ensino de São Paulo obteve ontem um "mediador político".
A presidência da Assembléia Legislativa montou uma comissão com deputados de todos os partidos para conversar, ora com os grevistas, ora com o governo.
A comissão foi constituída depois que diretores das cinco entidades que lideram a paralisação (veja quadro) tiveram uma reunião de mais de uma hora com o presidente da Assembléia, Ricardo Tripoli (PSDB), e outros deputados.
Segundo Tripoli, a comissão vai buscar um encontro com o governador Mário Covas ainda hoje, no sentido de buscar uma "solução política" para a greve.
"Na minha opinião, a reivindicação é justa, mas existe um problema objetivo do orçamento do Estado", afirmou Tripoli. Para ele, "a questão é conseguir equacionar esse problema".
Ontem, no final da tarde, as lideranças grevistas tiveram nova rodada de negociação com a secretária da Educação, Rose Neubauer.
A reunião foi marcada para que as entidades apresentassem uma contraproposta ao que o governo ofereceu na última quinta-feira.
Os grevistas mudaram o enfoque de suas reivindicações, centrando na questão de que qualquer aumento concedido seja no salário base. Isso significa não aceitarem abonos ou gratificações, como vem propondo o governo.
A secretária da Educação reafirmou aquilo que Covas disse na reunião, com as entidades, sexta-feira passada: o orçamento do Estado, neste instante, não suporta dar um reajuste significativo no salário base.
O governo prefere dar um abono (de R$ 39 por 20 horas semanais de trabalho) porque isso favorece quem está nas faixas salariais próximas ao piso (R$ 141, por 20 horas semanais).
A outra questão que começa a ser posta no centro das negociações -e que pode levar a um acordo que ponha fim à greve- é o de estabelecer uma política salarial, que inclua a revisão da carreira dos trabalhadores da Educação.
Isso implica em o governo se comprometer em dar quantias crescentes de dinheiro, em prazo médio, e um processo de rediscussão da carreira.
Enquanto as negociações prosseguem, os alunos e seus pais montam formas de cobrar uma decisão rápida para o impasse.
Ontem, um grupo de oito estudantes e dois professores da Escola Estadual Zuleika de Barros (da zona oeste de São Paulo) entregaram à presidência da Assembléia Legislativa um abaixo-assinado de mil alunos.
A principal reivindicação dos estudantes é poder "contar com um ensino de qualidade e professores capacitados (...), podendo competir com alunos de escolas particulares".

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