São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995
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General admite falha na segurança de FHC

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O general Alberto Cardoso, 54, ministro-chefe do Gabinete Militar, reconheceu ontem que houve falhas na segurança do presidente Fernando Henrique Cardoso em Carajás (PA).
Durante a visita de FHC à cidade, na sexta-feira da semana passada, parte do deque da piscina da casa de hóspedes da Companhia Vale do Rio Doce caiu, ferindo jornalistas e quase atingindo o presidente.
Em carta encaminhada à Folha, dando sua versão do acidente, o general Cardoso diz que a segurança demorou em retirar o presidente do local -quase um minuto, segundo ele mesmo.
"Realmente, o sr. presidente deveria ter sido retirado da área de imediato", escreveu o ministro em resposta a uma série de perguntas sobre a segurança em Carajás encaminhadas anteontem pela Folha.

Culpa da imprensa
O Gabinete Militar, responsável pelo esquema de segurança do presidente, culpou a imprensa, pelo "seu ímpeto profissional", pelo desabamento do deque.
Para Cardoso, houve uma "concentração de carga sobre o piso e estrutura do deque", provocada por fotógrafos e cinegrafistas que buscavam o melhor ângulo. O deque "não suportou tal esforço".
O general Cardoso afirma ainda que o local sempre recebeu visitantes em igual número, cerca de 50. A diferença, segundo o ministro-chefe do Gabinete Militar, é que nunca tinha sido registrada uma "compactação e movimentação" como a dos jornalistas.

Vistoria
Segundo ele, o deque foi vistoriado pelo escalão avançado da viagem. Esse escalão é composto por funcionários da segurança, cerimonial, serviço médico e imprensa. O general não detalha como foi feita esta vistoria.
A Folha apurou, com um militar que participou da vistoria, que foi feito apenas reconhecimento visual do deque com base em dados de engenheiros da Companhia Vale do Rio Doce, responsável pelo local. Não foram feitos teste de carga nem vistoria nas estruturas de sustentação, em madeira.
O general disse ainda, na carta, que foi respeitada a norma de só manter uma pessoa por metro quadrado em estruturas de madeira -conforme determina um manual de segurança do presidente.
Nesse caso, ele considerou toda a área em torno da piscina e não apenas a área onde jornalistas se concentravam.

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