São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Entidades articulam nova central sindical

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 500 entidades estão criando uma nova central sindical.
O grupo se organiza hoje na CAT (Coordenação Autônoma de Trabalhadores) que, ao se transformar em central, será a terceira maior depois da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e da Força Sindical.
A maior parte dos participantes é independente. Mas há ex-dirigentes da Força Sindical e diretores de pelos uma entidade de peso ligada à Força Sindical: o Sindicato dos Metalúrgicos de Guarulhos.
Francisco Cardoso Filho, o Chicão, é presidente do Sindicato e diretor da CAT.
Ele admite que vai ter de optar, quando a nova central for fundada, entre ela e a Força Sindical.
Também há na CAT sindicatos pouco expressivos ligados à Confederação Geral dos Trabalhadores e CUT.
Congresso
Uma comissão já foi definida para organizar congresso para o final de 95, provavelmente na primeira semana de dezembro.
O mote para a convocação do Congresso será o de "sindicalismo de valores". "Nada mais atual diante dos lamentáveis acontecimentos envolvendo importantes figuras do universo sindical", afirma Laerte Teixeira da Costa, presidente da CAT.
Ele se refere às denúncias feitas por Wagner Cinchetto, ex-assessor do presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, com exclusividade à Folha.
Segundo Cinchetto, Medeiros montou esquema paralelo, a partir de 90, para arrecadar US$ 2 milhões junto a empresas com a ajuda do presidente Fernando Collor de Mello para viabilizar a criação da Força Sindical.
A CAT é ligada à Clat (Central Latino-Americana de Trabalhadores), que por sua vez é ligada à Confederação Mundial do Trabalho (CMT).
A corrente majoritária nessa central internacional é a democracia-cristã, mas também participam os peronistas argentinos, socialistas, alguns sociais-democratas e socialistas.
Em sua última plenária, os filiados aprovaram resolução que autoriza a diretoria a "ir trabalhando" no sentido de unir forças com outras organizações para uma eventual transformação em central.
Evento da CAT que termina hoje determinou a data do congresso.
Acredita-se que existam mais de 19.000 sindicatos no Brasil. Só 3.500, no máximo, são filiados a uma central sindical.
A convocação para a formação da nova central ocorre justamente em momento de crise na Força Sindical.
Também a Confederação Geral dos Trabalhadores vive disputas internas. Aparentemente o presidente-licenciado da central, Canindé Pegado, mantém relações pouco amigáveis com os diretores atuais.
"Se essa nova central surgir, vamos dar apoio político, financeiro e técnico", disse Eduardo Garcia, presidente da Clat, que mora em Caracas, Venezuela, mas esteve no Brasil esta semana.
Diferentemente da Ciols (Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres), à qual são filiadas a CUT, Força Sindical e CGT (Confederação), a Clat e a CMT defendem a unicidade sindical -a existência de só um sindicato por categoria profissional.

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