São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Prisão foi 'cachorrada', diz mulher

PAULO SILVA PINTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Isaura Canhedo, mulher do empresário Wagner Canhedo, passou o dia ontem recebendo telefonemas e visitas na casa de 1.600 m2 que a família do empresário possui no Lago Sul, uma das áreas mais nobres de Brasília.
"Muitos disseram para mim que estão com nojo do que aconteceu. Por que fazem isso com um homem que trabalha de segunda a segunda, enquanto tanta gente que rouba está solta?", disse.
Ela afirmou ter recebido cerca de 20 telefonemas de senadores. Ao conversar com um deles, ela disse ter ouvido que o marido "não precisava comprar a Vasp". Segundo Isaura, ele "se meteu nisso para salvar a empresa".
Isaura afirmou que não conseguiu falar com Canhedo ontem até o final da tarde, mas tinha esperança de tê-lo em casa à noite.
Para a mulher do empresário, sua prisão "foi uma cachorrada". "Quem não tem dívidas neste país? Você não tem?", perguntou à reportagem da Folha. "Ele estava trabalhando para pagá-la."
A família Canhedo mudou-se de São José do Rio Preto (SP) para Brasília há 36 anos, durante a construção da cidade.
Ex-caminhoneiro, o hoje dono da Vasp instalou no canteiro de obras da então nova capital uma madeireira que abastecia obras.
Os Canhedo moravam em uma casa modesta, na avenida W3, até há 13 anos. Depois da morte do filho mais novo, mudaram-se para o Lago Sul, onde estão os imóveis mais caros da cidade.
Hoje o patrimônio dos Canhedo -estimado em mais de RS 1 bilhão- estende-se por 14 empresas, nas áreas de transportes, turismo, mineração, confecções e agropecuária.
Algumas das empresas são a Brata -de táxi aéreo-, a Vasp, a Viplan (Viação Planalto) -de ônibus de transportes urbanos-, a Wadel -de transporte de combustíveis-, o Hotel Nacional de Brasília e fazendas em Goiás.
O mais velho dos quatro filhos do empresário, Wagner Canhedo Filho, passou a tarde ontem na Wadel, onde é vice-presidente -ele ocupa o mesmo cargo na Viplan.
Disse que ficou sabendo da prisão do pai pelo telejornal "Hoje" -da TV Globo- e que não havia conseguido conversar com o pai nem com os irmãos que estão em São Paulo.
A família Canhedo já enfrentou um sequestro. Em julho de 1991, o empresário Wagner Canhedo Filho foi sequestrado e passou seis dias preso em Anápolis (GO).
Conseguiu fugir abrindo a janela com uma colher. A polícia levantou a possibilidade de o sequestro ter sido forjado.
O resgate cobrado pelos sequestradores (que teria variado entre US$ 3,1 milhões e US$ 5 milhões) não foi pago, segundo a família declarou à época.

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