São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Governo de SP firma convênio com Anistia

DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Mário Covas, vai assinar um convênio de cooperação com a organização internacional de direitos humanos Anistia Internacional.
O anúncio foi feito ontem no Palácio dos Bandeirantes (zona sul de SP), sede do governo. Covas recebeu visita do senegalês Pierre Sané, secretário-geral da Anistia.
Sané demonstrou estar "muitíssimo preocupado" com a violência policial em São Paulo. Nos dois primeiros meses do ano, a polícia de Mário Covas matou uma média de 58 pessoas por mês - contra uma média de 43,3 vítimas dos últimos meses do governo de Luiz Antonio Fleury Filho.
O governo não revelou os detalhes do acordo com a Anistia. Belisário dos Santos Jr., secretário da Justiça do Estado, adiantou que o convênio visa "realizar atitudes concretas na área de educação para direitos humanos".
Pierre Sané manifestou preocupação com casos de tortura policial denunciados em São Paulo, como o que ocorreu com o estudante Carlos da Silva, 19, revelado com exclusividade pela Folha.
O rapaz roubou um carro, no dia 25 de fevereiro, e diz ter se entregado desarmado a dois PMs. Carlos foi baleado no abdômen e levado a um sítio, no bairro do Grajaú (extremo sul de SP), onde teria sido torturado.
Carlos da Silva aponta o lugar como um suposto "centro de torturas" mantido por policiais militares da 2ª. Companhia do 22º. Batalhão da PM.
Apoio
Ainda ontem, Sané reuniu-se com representantes do capital e do trabalho para pedir apoio às atividades da Anistia no Brasil.
Pela manhã, ele se reuniu com dirigentes da Força Sindical e da CGT (Central Geral dos Trabalhadores). No início da tarde foi a vez da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Também houve reuniões na Federação do Comércio de São Paulo e no PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais).
A Anistia quer apoio a uma campanha para aumento do número de associados no país. Atualmente, há 1.000 pessoas residentes no Brasil filiadas à entidade. O objetivo é dobrar o número.
Em todas as entidades visitadas ontem, foram feitos apelos para utilização de suas publicações e malas diretas para divulgação da campanha da Anistia.

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