São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Rombo de R$ 1,8 bi deve engrossar greves

VINICIUS TORRES FREIRE; FERNANDO ROSSETTI; AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Rombo de R$ 1,8 bi deve engrossar greve
Servidores da Saúde e do sistema prisional podem parar na próxima semana; governo diz não ter mais nada a oferecer
O secretário de Economia e Planejamento de São Paulo, André Franco Montoro Filho, disse ontem que o governo do Estado não tem mais o que oferecer ao funcionalismo em termos de reajuste imediato de salários.
“Se o governo tivesse se preocupado estritamente em ser financeiramente responsável não teria dado nenhum reajuste”, disse.
Na segunda-feira, podem aderir à greve da Educação os 74 mil funcionários da Saúde.
Segundo a reprogramação orçamentária do Estado, concluída esta semana e obtida com exclusividade pela Folha, o rombo nas contas estaduais é equivalente à despesa prevista com o salário de todo o funcionalismo da Educação e Saúde para todo o ano de 1995.
A Folha apurou que as lideranças dos funcionários esperam que Covas “se comprometa” com uma política de recuperação salarial e faça mais algumas concessões para que haja condições políticas de encerrar as greves.
Na Educação, o impasse promete uma greve duradoura. “Apresentamos seis propostas. Eles disseram não à incorporação de abonos, não ao cumprimento do orçamento, não ao plano de recuperação, não a uma política salarial, não ao piso... Se fossem três nãos, dava para pensar. Mas foram seis”, disse o presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Roberto Felício.
“Não tem nada muito definido porque as entidades não fazem uma proposta concreta. Já apresentamos o limite possível do orçamento até, pelo menos, agosto (R$ 266 milhões a mais)”, diz Rose Neubauer, secretária da Educação.
“Se a decisão dependesse de mim, não teria havido proposta alguma de reajuste”, disse Montoro. O secretário diz reconhecer “que os salários são miseráveis, mas não há alternativa agora, a não ser que chova dinheiro”.
Segundo Montoro, o déficit previsto para este ano é de R$ 5,1 bilhões para uma receita prevista de R$ 22,2 bilhões. O governo já cortou de R$ 3,3 bilhões em custeio, investimentos e transferências a empresas.
(Vinicius Torres Freire, Fernando Rossetti e Aureliano Biancarelli)

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