São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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'Se preciso, pego nas armas pelo mercado'

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O comerciante Francisco Capistrano Torres, 47, diz que, se for preciso, pega "nas armas" para defender sua permanência no box que ocupa no Mercado Municipal de Quixadá.
Instalado há 27 anos numa área de 20 metros quadrados, onde vende roupas e calçados, Torres diz que não tem condições de comprá-la.
Atualmente, ele paga à prefeitura um aluguel de R$ 2,00.
Aposentados
"Meu comércio só vende alguma coisa quando os aposentados vêm receber dinheiro e fazem umas comprinhas. Às vezes, eu passo uma semana sem vender nada", declara.
Torres afirma que seu ganho médio mensal, de R$ 140,00, inviabiliza a formação de uma poupança para comprar o box.
"O dinheiro que a gente apura (ganha) mal dá para alimentar a família. Só consigo manter esta loja porque o aluguel é quase de graça. Vivo assim desde que era rapazinho. Se alguém quiser mudar esta situação, vou reagir", disse.
O aposentado Antônio Leite da Silva, 72, que vende ferragens num box do mercado, diz que é contra "qualquer privatização".
Silva tem uma opinião formada não apenas sobre a privatização em Quixadá, mas também sobre a atuação de Fernando Henrique Cardoso. Ele teme, sobretudo, a ação de estrangeiros. No Brasil e em Quixadá.
"O prefeito e o presidente da República querem vender nossas coisas para entregar tudo aos turistas estrangeiros. Só que eles esquecem que todo turista é ladrão e (eles) vão roubar até as nossas mulheres", diz Silva.
(PM)

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