São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995 |
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Discurso petista lembra o de FHC
PAULO MOTA
O hotel municipal de Quixadá, avaliado em R$ 250 mil, deve ser o primeiro imóvel a ir à venda. O prefeito diz que o dinheiro será usado na construção de casas populares. Marques avalia que, apesar do recente aumento de 300% nos aluguéis dos imóveis municipais, o dinheiro arrecadado não cobre sequer as despesas com a manutenção dos mercados públicos. A prefeitura dispõe de contas que mostram que se gastam R$ 2.000 mensais com luz, água, limpeza e segurança dos mercados e se arrecada apenas R$ 1.300,00 com os aluguéis. Investimentos Marques estima que poderá arrecadar entre R$ 1,2 milhão e R$ 1,5 milhão com a venda dos imóveis. A receita mensal da prefeitura é de R$ 300 mil. Segundo o prefeito, além de multiplicar por 30 a capacidade de investimento da prefeitura, a verba arrecadada com as privatizações aumentará muito a capacidade de contrapartida da prefeitura em parcerias com outros órgãos financiadores. "Poderemos, por exemplo, elaborar um pacote de obras, cujo orçamento seja de R$ 3 milhões, e pedir ao governo do Estado para que financie uma metade, pois a prefeitura financia a outra", diz. Marques acha que o PT não pode ser contra as privatizações "por princípio". Para ele, se for do "interesse público", a privatização "é válida". Perguntado se avisou seus eleitores, durante a campanha, que pretendia privatizar bens públicos se eleito, o prefeito diz que sim: "Já falávamos que era um absurdo a prefeitura necessitar de investimentos e, ao mesmo tempo, ser proprietária de imóveis que estavam a serviço da iniciativa privada". Sem contradição Para o prefeito de Quixadá, não há contradição entre o PT ser contra a privatização defendida pelo governo federal e ele querer vender bens da cidade em Quixadá. "Na realidade, estamos fazendo é a desprivatização de um setor que é público. Trata-se de um patrimônio público que está a serviço do setor privado", diz o prefeito, argumento que deixaria os petistas um pouco confusos. O prefeito admite que, "do ponto de vista conceitual", não há qualquer diferença entre o que ele quer para Quixadá e o que o presidente Fernando Henrique quer para o Brasil. "O Estado precisa de recursos para financiamentos e os busca na privatização de seu patrimônio. O que a esquerda e o PT têm de discutir é o interesse público. Se, para defender o interesse público, for necessário privatizar, que se privatize", discursa, repetindo o raciocínio muitas vezes feito pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Se dependesse de Marques, o partido não teria assumido posição contra a quebra do monopólio (exclusividade) estatal nos chamados setores estratégicos, como telecomunicações e petróleo. "Sou a favor da flexibilização (quebra do monopólio) em alguns setores estratégicos. A Petrobrás deve ser preservada enquanto empresa reguladora do mercado, mas que participe da competição", diz. O prefeito não tem medo de estar comprando uma briga com o partido: "Este debate não está concluído dentro do PT", afirma. Texto Anterior: 'Se preciso, pego nas armas pelo mercado' Próximo Texto: População pode pagar por melhoria em ruas Índice |
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