São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Venda de ações de telefônica divide partido

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

A Prefeitura de Londrina quer abrir o capital (vender parte das ações) da lucrativa autarquia municipal Sercomtel, uma das mais eficientes na área de telefonia no país. Em 1994, ela teve um faturamento bruto de US$ 49 milhões.
Com 108,5 mil linhas telefônicas instaladas no município, o Sercomtel fez de Londrina a segunda cidade do Brasil a implantar o sistema de telefonia celular.
A cidade tem o índice de 24,3 linhas telefônicas para 100 habitantes. Nos EUA, a média é de 27,6 linhas. No resto do Paraná, há apenas 8,5 linhas para cada 100 habitantes.
Os custos em Londrina são menores para os usuários do que no resto do país. Na cidade, uma linha telefônica custa R$ 900, e o aluguel de uma linha fica em R$ 16,85 mensais. No sistema Telepar, que atende o resto do Paraná, uma linha telefônica custa entre R$ 2,3 mil e R$ 3 mil.
O prefeito Luís Eduardo Cheida afirma que, com a transformação do Sercomtel em sociedade anônima e a venda de 40% de suas ações, ele teria condições de "arrumar Londrina". Como o Sercomtel é hoje uma autarquia, a prefeitura não pode dispor de seus recursos.
O prefeito diz que, com apenas a metade dos US$ 120 milhões que espera arrecadar com a venda de ações, a prefeitura poderia dotar Londrina de 100% de rede de esgoto, asfaltar todo o município e implantar postos de saúde em todos os bairros da cidade.

Oposição
O líder do partido na Câmara, Francisco Roberto, é o maior opositor da proposta de transformar o sistema de telefonia municipal em sociedade anônima.
Ex-diretor do Sindicato dos Telefônicos de Londrina, ele foi eleito com o apoio de grande parte dos 950 funcionários da empresa.
Para Francisco Roberto, "existe parecer da própria bancada federal do PT contra o projeto".
O petista afirma que o prefeito "não está pensando no partido e muito menos no futuro do Sercomtel ao apresentar a proposta". O companheiro de partido de Cheida diz que gostaria de saber por que o prefeito não privatiza "as outras autarquias municipais que não dão lucro".
Para ele, o prefeito terá de enfrentar "a sociedade organizada". Francisco Roberto argumenta também com uma questão corporativa, isto é, que diz respeito aos interesses de um grupo de pessoas: "Faz um ano que ele promete discutir o assunto com o funcionalismo do Sercomtel, mas nunca teve coragem".
O vereador promete "mobilizar a sociedade" para que a venda de ações não ocorra. Ele diz que "o Sercomtel não pode ser sucateado para atender necessidades de uma administração, seja do PT ou de qualquer outro partido".
Para o vereador, a eficiência do Sercomtel aconteceu porque "os lucros foram reinvestidos".

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