São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Diagnóstico de problema cardíaco tem novo método

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Substâncias químicas que entram nas células do coração e passam a emitir radiação fazem parte do novo arsenal dos médicos para diagnosticar problemas cardíacos.
Os exames com esses marcadores radioativos têm diminuído a necessidade de exames mais "invasivos", como o cateterismo (introdução de instrumento -o cateter- no corpo para realização de diagnóstico) das coronárias (artérias que irrigam o coração).
Uma simples injeção na veia introduz as substâncias radioativas no organismo. Elas chegam, pelo sangue, até o coração e penetram nas células do órgão.
A radiação emitida é captada por um aparelho especial e é transformada em impulsos elétricos -que são transmitidos para um computador. Programas especiais processam as informações recebidas e produzem uma imagem.
Anneliese Fischer Thom, chefe dos serviços de medicina nuclear do Instituto Dante Pazzanese e do Hospital Albert Einstein, explica que, ao contrário dos exames convencionais de radiologia (Raios X) que mostram uma imagem fixa (como se fosse uma foto), a medicina nuclear revela uma imagem dinâmica (uma espécie de sequência de desenho animado).
Enquanto os exames radiológicos retratam a anatomia (forma) do órgão, a medicina nuclear mostra o órgão em seu "trabalho".
Cada uma das substâncias utilizadas têm afinidade com um processo específico do coração. Assim, se o médico quer checar se há uma necrose (morte de tecido no local onde houve um infarto), ele usa uma substância chamada pirofosfato-tecnécio 99 m.
O tecnécio é o elemento que emite radiação. Ele é "carregado" para dentro das células pelo pirofosfato -molécula que tem afinidade com os tecidos em necrose. No caso das inflamações, o marcador utilizado é o gálio-67.
Anneliese diz que a grande vantagem da medicina nuclear é que ela reduz a necessidade de exames de cateterismo (coronariografia). Ela adverte, entretanto, que um exame não substitui o outro.
O cateterismo é um procedimento mais invasivo. Um cateter com uma pequena câmara acoplada é introduzido por uma veia e é conduzido até as coronárias -onde ele registra, com precisão, as obstruções existentes.
Se um cardiologista suspeita que um paciente tenha uma obstrução nas coronárias, em vez de solicitar imediatamente um cateterismo, ele pode pedir antes um exame de medicina nuclear.
Se o exame vier normal (em repouso e sob esforço), o médico dispensa o cateterismo. Se o exame estiver alterado, o cateterismo deve ser feito para precisar o local das obstruções.

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