São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Crédito bancário ao setor privado aumenta 42,6% depois do Real

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar das medidas adotadas pelo governo para frear o crédito, os empréstimos bancários ao setor privado cresceram 42,6% após o Plano Real, passando de R$ 63,2 bilhões para R$ 90,1 bilhões. Para o setor público, sofreram retração de 2,9% -passando de US$ 14,7 bilhões para US$ 14,4 bilhões.
Os cálculos foram feitos pela consultoria Austin Asis, comparando o balanço semestral e de final do ano de 1994. O estudo englobou os resultados de 150 instituições financeiras.
Segundo Erivelto Rodrigues, diretor da empresa, os números mostram a rota que seguiu o dinheiro após o Plano Real: "Foi para o consumo".
Inicialmente promovido pelos ganhos salariais obtidos com a queda da inflação, o consumo foi multiplicado pelo crescimento da oferta de crédito.
É que a própria queda da inflação retirou receita dos bancos, o chamado "floating", obrigando-os a buscar alternativas para ganhar dinheiro.
"As instituições buscaram modalidades com 'spread' (diferença entre o juro cobrado e o pago ao investidor) mais elevado", concorda Amaury Bier, economista do Citibank.
É o caso do crédito ao consumidor, que cobra juros médios de 12% ao mês, enquanto o custo para captar recursos anda, no máximo, na casa dos 4% ao mês.
O ganho dos bancos é, na verdade, menor do que o esboçado nesta conta por causa dos compulsórios (depósito obrigatório de recursos) criados pelo Banco Central.
Em junho de 1994, o estoque desses títulos somava R$ 40,6 bilhões. Em janeiro de 95, bateu em R$ 67,7 bilhões. O crescimento real é de R$ 16,4 bilhões, descontados os juros pagos no período (que correspondem a simples renovação das aplicações).
Na mesma época, as aplicações voluntárias em títulos públicos federais perderam o equivalente a R$ 12,8 bilhões.
Agora, o aumento da inadimplência (atraso no pagamentos dos empréstimos) pode, segundo os analistas ouvidos pela Folha, conseguir reduzir o ímpeto dos empréstimos.
A inadimplência é mais grave para as pequenas financeiras. Elas assumiram um risco maior do que os grandes bancos por dois motivos.
O primeiro é que o prazo de vencimento das prestações nem sempre coincidia com o do vencimento das aplicações.
O segundo é que o juro pago para atrair dinheiro era mais alto do que o prometido pelos grandes bancos.(JCO)

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