São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Clássico acontece em nome da história

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

São Paulo e Santos se reencontram hoje tão somente em nome da história de grandezas que estes clubes construíram ao longo dos anos.
Ambos estão classificados, e, por força dos três pontos concedidos às vitórias, se revezam com tantos outros lá na ponta da tabela.
O Santos está melhor. Vem de vitória no meio de semana, enquanto o tricolor tapa os ouvidos para tentar, em vão, calar as merecidas vaias da torcida que continuam a ecoar desde a derrota diante do Guarani.
Não pela derrota em si, mas pelo inexplicável comportamento do time naquele jogo. Apático, mesmo perdendo, descoordenado quando tentou o empate.
Acontece que o Santos joga sem Giovanni, sua estrela supernova. Mas entra Ranielli, um canhoto da melhor estirpe dos armadores, que, sei lá por que cargas d'água, não decolou ainda.
Já o São Paulo, nem ele mesmo sabe como jogará, embora tenha um grupo de primeira linha, sobretudo do meio-campo para a frente.
A verdade é que Telê ainda não conseguiu a combinação alquímica adequada. Quem sabe, a partir de hoje?

A piada é antiga e atribuída a todos os boêmios ilustres deste país de eméritos bebuns, desde Paula Nei e Emílio de Menezes até o poetinha Vinícius, passando pelo Barão de Itararé.
A dama empedernida, verdadeiro jaburu, gralheia fofocas numa roda. O nosso herói não resiste:
- Sabe que a senhora é muita feia?
- E o senhor é um bêbado.
- É verdade. Só que bebedeira passa no dia seguinte. Feiúra, nunca.
É o caso do árbitro Godói, cujos exames laboratoriais provaram não estar bêbado durante o jogo São Paulo e Corinthians. Pior para ele. Afinal, porre passa. Incompetência, não.

Saúdo o advento de um espaço novo nesta Folha, dedicado ao boxe, assinado por Wilson Baldini Jr., um moço -espécime rara- que conhece os chamados segredos da nobre arte.
Lembro-me que, nos anos 40/50, cada jornal tinha sua coluna periódica de boxe, assinadas por mestres como Henrique Matteucci, Kid Pratt, Odilon Braz e o inesquecível Álvaro "Tan-Tan" Duarte, que fazia do boxe um pretexto para perpetrar comoventes crônicas do cotidiano.
Tan-Tan era assim chamado pelo tom cavernoso e ribombante de sua voz, que, se ouvida ao telefone, traçava fielmente seu perfil na mente de quem nunca o tivesse visto: maçudo, carão, extrovertido, cáustico e boêmio renitente, apoiava-se numa muleta que exibia como um troféu.
Em sua memória, pois, finjo que dele não sinto saudade.
PS: Em tempo, dois dos citados deixaram-nos algumas flores do jornalismo: Odilon, o filho Narciso James e os sobrinhos Dante e Paulinho Mattiussi. Álvaro, a irreverente Regina Penteado.

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