São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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A BIBLIOTECA BRASILEIRA

AUGUSTO MASSI
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Retratos do Brasil" é o nome da nova coleção que a Companhia da Letras estará lançando na segunda quinzena de abril. Mescla de inspiração e homenagem à obra homônima de Paulo Prado, ainda contará com a proteção de um amuleto macunaímico, escolhido para seu símbolo: o muiraquitã.
Estas duas referências já fornecem o contorno das diretrizes intelectuais do projeto, a formação de uma biblioteca brasileira. Ideada pela historiadora Lilia Schwarcz e pelo cineasta João Moreira Salles, esta coleção iria seguir de perto o conceito de "Brasiliana" consagrado, na década de 30, pela Companhia Editora Nacional. Ou seja, a publicação de obras clássicas que ajudassem a compreender diferentes aspectos da cultura brasileira.
Mas, a partir da entrada de Antonio Candido, convidado para participar da seleção dos textos e dos organizadores, a idéia original foi ampliada, passando a incluir livros antigos de interesse, obras de autores pouco conhecidos, alguns textos famosas porém de difícil acesso, inéditos ou obras encomendadas, preferencialmente sobre temas brasileiros.
Uma das diferenças com relação à clássica "Brasiliana" será o caráter didático, sem ser acadêmico, de cada volume. O preparo de cada obra será confiado a um organizador que deverá fixar o texto, elaborar uma introdução, cronologia, notas e bibliografia. Um detalhe: as introduções devem obedecer a um princípio de legibilidade, caminho seguro para o texto principal, recusando sempre que possível, as tarefas de uma interpretação mais cerrada. Reforçando este princípio da legibilidade, pela primeira vez a editora vai alterar uma de suas regras editoriais: as notas passam para o pé da página, visando com isso facilitar a consulta e leitura.
Os três primeiros títulos são "Apontamentos de Viagem" de J.A. Leite Moraes, com organização de Antonio Candido, as "Cartas Chilenas" de Tomás Antônio Gonzaga, com organização de Joaci Pereira Furtado, "Jornal de Timon" de João Francisco Lisboa, com organização de José Murilo de Carvalho. Para o início do segundo semestre estão programados outros dois lançamentos: "Memórias do Sobrinho do Meu Tio" de Joaquim Manuel de Macedo, com organização de Flora Sussekind e "O Carapuceiro" de Miguel do Sacramento Lopes Gama, organizado por Evaldo Cabral de Mello Neto.
O projeto editorial prevê cinco títulos por ano. Para 96, já estão acertadas a edição de "O Sequestro da Dona Ausente" de Mário de Andrade por Gilda de Mello e Souza, as "Crônicas de Olavo Bilac" por Antonio Dimas e "Glaura" de Alvarenga, por Fábio Lucas, "Meus Oito Anos de Parlamento" do Conde Afonso Celso, por Francisco Iglésias e um "Bestiário Fantástico do Brasil Colonial", por Mary Del Priore.

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