São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Falta d'água pode atingir meia SP

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O rodízio no abastecimento de água poderá afetar 40% da população da cidade de São Paulo -cerca de 4 milhões de pessoas- nos próximos anos. As interrupções no fornecimento de luz também podem ser cada vez mais frequentes.
Esse quadro crítico é provocado pela falta de investimento nas estatais paulistas responsáveis pelo fornecimento de água e energia.
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e a Eletropaulo (Eletricidade de São Paulo S/A) estão trabalhando com equipamentos ultrapassados e sem manutenção.
As empresas admitem que a falta de investimentos prejudica o atendimento à população e prometem aplicar todos os recursos disponíveis em 95 na melhoria e expansão das redes de distribuição (leia textos abaixo).
Mas afirmam que, devido a limitações orçamentárias, o investimento que será feito este ano ainda é menor do que o necessário.
O Sindicato dos Eletricitários e o Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente) prevêem um quadro de desabastecimento ainda pior.
Segundo os sindicalistas, se não houver investimentos imediatos, em aproximadamente cinco anos metade da população da cidade terá que viver em regime de racionamento de água e energia elétrica.
Rodízio
Hoje, na Grande São Paulo, cerca de 970 mil pessoas já são obrigadas a conviver com o rodízio de água permanente. No verão, mais 1,8 milhão ficam sem água durante alguns dias na semana.
A Sabesp fornece água para 4 milhões de residências em 331 municípios do Estado de São Paulo. Em outras cidades (como Campinas e Ribeirão Preto), a distribuição fica a cargo das prefeituras.
O maior problema do sistema de abastecimento, entretanto, é a dificuldade em expandir a captação (retirada de água das represas antes de tratar).
Atualmente, a Sabesp capta 57 m3 de água por segundo nas seis represas que abastecem a Grande São Paulo. Esse valor está acima do volume ideal de captação, que é de 53,5 m3 por segundo.
"Para atender a demanda, precisamos captar mais água do que as represas produzem. Se continuarmos assim, o nível dos reservatórios vai ficar muito baixo e teremos que ter rodízio sempre que começar a seca", diz Antônio Marsiglia Netto, diretor de operações metropolitanas da Sabesp.
Luz
O fornecimento de luz também está ameaçado. Segundo o Sindicato dos Eletricitários, a cidade deverá enfrentar uma série de blecautes nos próximos anos por causa da sobrecarga do sistema de transmissão de energia elétrica.
O presidente do sindicato, Enir Severino, diz que a maioria das linhas de transmissão de alta tensão estão operando no limite de sua capacidade, sem reserva.
As linhas de transmissão são cabos de alta tensão que ligam as estações de transformação de energia. Esses cabos sempre são instalados em pares para que, em caso de pane, um substitua o outro e não haja corte de energia.
Para que uma linha aguente a carga da outra que entra em pane é preciso que haja capacidade de reserva. Hoje, como a maioria das linhas está operando próximo ao limite de capacidade, não há como garantir o fornecimento.
A Eletropaulo admite que muitas linhas de transmissão estão sobrecarregadas e que isso gera um aumento de cortes de luz. A situação é mais grave nas zonas sul, sudoeste e leste.

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