São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Carlos Gomes terá óperas encenadas

CRIS GUTKOSKI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O teatro Arthur Azevedo, de São Luís (MA), prepara para o próximo semestre a contratação de 60 músicos, 48 cantores e 40 bailarinos. Até o final de 96, eles vão encenar oito óperas de Carlos Gomes (1830-1896), um dos principais compositores eruditos do país.
O diretor do teatro, Fernando Bicudo, 48, vai aproveitar as comemorações do centenário da morte de Carlos Gomes, em 96, para apresentar em forma de superproduções as óperas "O Guarani", "Escravo", "Fosca", "Salvador Rosa", "A Volta do Cruzado", "A Noite no Castelo", "Condor" e "Colombo".
Os integrantes da orquestra, coro lírico e balé já estão sendo selecionados. Segundo Bicudo, será dada preferência a artistas maranhenses e nordestinos.
O teatro também pretende contratar músicos e cantores do sul do país e do exterior para celebrar a obra de Carlos Gomes.
Parte do coro, por exemplo, será formada por integrantes da Ópera Brasil, grupo carioca formado quando Bicudo dirigiu o teatro municipal do Rio de Janeiro, de 84 a 89.
"Queremos chamar a atenção para este lado do Brasil, onde a cultura popular é mais autêntica", diz o diretor.
Em agosto de 96, o tenor italiano Placido Domingo fará um recital no teatro, interpretando "O Guarani".
A produção das oito óperas e a manutenção de um grupo permanente de artistas serão financiadas pela iniciativa privada, por meio da Associação Teatro Arthur Azevedo.
Bicudo diz que está buscando patrocínio principalmente junto a empresas multinacionais.
Ele calcula em cerca de US$ 3,5 milhões o custo total do ciclo Carlos Gomes. "Este valor é 1% do orçamento anual da Ópera de Viena", compara. Equivale também a toda a verba destinada à saúde pelo orçamento do Maranhão para 95 (R$ 3,3 milhões).
Para ajudar a bancar os custos, deverão ser realizadas turnês pelos principais teatros das regiões Norte e Nordeste.
Outra forma de financiamento é a venda de vídeos das óperas, que serão filmadas pelo próprio teatro.
Todos os espetáculos do Arthur Azevedo são filmados por quatro câmeras e editados com efeitos especiais de computador.
O acervo em vídeo é exibido periodicamente, com entrada franca. Existe também um circuito interno de televisão que permite ao diretor Fernando Bicudo acompanhar os ensaios de sua sala.
"Um teatro deste é mais importante para o Maranhão do que uma refinaria", afirma Bicudo, em referência à refinaria que a Petrobrás pretende instalar no Nordeste e para a qual o Maranhão é um dos candidatos a sede.

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