São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Nina arruma amante e se estrepa no caminho

MARCELO PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quer faturar uma nota preta? Abra um curso ensinando casais a se redescobrirem sexualmente. Como pular a cerca tornou-se um caminho minado na era pós-Aids, dezenas de psicólogos, sexólogos e afins têm oferecido soluções para casamentos esgotados pelo tempo: aqueles "uma vez por mês", "pintou uma dorzinha de cabeça", "estou tão cansado(a)" etc.
Posso até sugerir um título: "O Segredo que Aumenta o Prazer Sexual Entre Parceiros". Na verdade, este título não é meu, mas de um instituto da Carolina do Norte, The Sinclair Institute, que oferece, por US$ 49, vídeos desenvolvidos por uma tal doutora Sandra Scatling com casais que descobriram novas maneiras de melhorar as respectivas vidas sexuais.
No volume 2, o casal Donald e Barbara exibe um momento especial deles na cama, quando representam o dia que fizeram nenê pela primeira vez.
Por esta tônica caminha o novo filme "Nina Takes a Lover" (Nina Arruma um Amante), estrelado por Laura San Giacomo, a voz mais sensual de Hollywood ("sexo, mentiras e videotapes"). Nina recebe telefonema do marido dizendo que vai continuar viajando por três semanas. Nina vai a um parque e conhece um fotógrafo inglês. Começam a sair juntos, pecam e apaixonam-se. Encontram-se no estúdio do cara, pois ele também é casado. Nina diz para a amiga que o amante demonstrou, em dois dias, mais interesse por ela que o marido em dez anos.
Mas Mina descobre que o amante teve outras, fica bravinha e nós não entendemos por que ela fica bravinha. Entendemos na cena seguinte, quando descobrimos que o amante, na verdade, é o seu marido e eles estão fingindo para nós (e para eles mesmos) desde o começo do filme. Que tolinha. Levou a brincadeira a fundo e acabou descobrindo que o marido praticava o esporte havia tempos. Moral da história: não os imite.
Conhece aquela? O marido reclama da mulher: "O que há com você, a gente não namora, você não me procura mais?". Ouviu a resposta: "Se quer ser procurado, por que não se esconde?"

Tem gente me escrevendo, comentando o quanto estou monstruosamente gordo e careca em uma foto recente publicada pela "Veja". A culpa é da lente; continuo um pão. Quanto à careca: comprei no supermercado uma maquininha de cortar cabelo. Errei o molde e deu no que deu.

MARCELO RUBENS PAIVA está em San Francisco (EUA) como bolsista da Knight Fellowship, na Universidade de Stanford.

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