São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Boca-de-urna prevê vitória de Fujimori no 1º turno

LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Pesquisa de boca-de-urna realizada ontem durante as eleições gerais do Peru indica que o presidente Alberto Fujimori, 55, foi reeleito no primeiro turno com 60,1% dos votos válidos.
Nove dos 14 candidatos à Presidência encaminharam anteontem requerimento conjunto ao JNE (Juizado Nacional de Eleições) no qual reivindicaram o adiamento da votação, após a tentativa de fraude constatada pela OEA (Organização dos Estados Americanos).
Contrariando as pesquisas eleitorais, Fujimori deverá ter maioria no Congresso, segundo a boca-de-urna. A frente Cambio 90-Nueva Mayoria, do presidente, e o Movimiento Renovación, que deverá apoiá-lo, devem ocupar 52,5% das cadeiras do Congresso.
Cerca de 3.000 mapas eleitorais, 305 já preenchidos, foram apreendidos um dia antes da votação com um membro da frente Cambio 90. Os mapas iriam registrar 600 mil votos, ou seja, 5% do eleitorado peruano.
A tentativa de fraude, ocorrida no Departamento (Estado) de Huánaco, a 800 km de Lima, supostamente favoreceria Fujimori e candidatos a deputado pelo Cambio 90. O governo negou a acusação.
Entre os candidatos que pediram a suspensão das eleições está o ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuellar, 75, do partido Unión por el Perú.
Ele ficou em segundo lugar nas pesquisas de boca-de-urna realizada pelo instituto Apoyo, com 26,1% dos votos válidos. O pedido de suspensão das eleições foi baseado no argumento de que a OEA e a JNE não poderiam garantir a legitimidade do processo. O pedido foi rejeitado.
Pérez de Cuellar afirmou que a adulteração dos mapas eleitorais antes da votação "é uma afirmação da obsessão de Fujimori, de se reeleger a qualquer preço".
Diante da recusa da JNE, que alegou não haver "nenhuma possibilidade de fraude", candidatos de oposição tentaram articular uma renúncia coletiva.
Recuaram diante da posição contrária de Pérez de Cuellar. "Vamos às eleições, mas a fraude está a caminho", disse à Folha antes da votação o candidato pelo partido Code, Alejandro Toledo, que ficou em quarto.
Antes de votar, Fujimori disse que "se está restaurando a democracia no Peru, ainda que com certa particularidade".
Um dia depois de questionar a legitimidade da votação, o secretário-geral da OEA, Cesar Gaviria, que está em Lima, tentou minimizar a tentativa de fraude, dizendo que se trata de um ato isolado de funcionários subalternos da JNE.
Gaviria e o presidente da JNE, Ricardo Nugent, afirmaram que não havia indícios de que qualquer dos candidatos seria beneficiado pela fraude e que nenhum partido poderia ser responsabilizado.

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