São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Suspensão de crédito faz cair vendas de máquinas agrícolas

BRUNO BLECHER
EDITOR DO AGROFOLHA

O mercado de máquinas agrícolas, em queda desde fevereiro, atolou depois da suspensão do crédito rural.
"As vendas começaram a cair no início do ano, em consequência da redução dos preços agrícolas", diz Jack Torreta, gerente de comunicação da Valmet, fabricante de tratores, que Completa: "Depois da suspensão dos financiamentos, o mercado simplesmente parou."
Segundo Torreta, 90% das vendas dependem de financiamento do Finame (linha de crédito para investimento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A Valmet prevê uma redução de 18% nas vendas de tratores este ano, em relação ao total comercializado em 94.
No ano passado, as vendas de máquinas agrícolas (tratores de rodas e esteiras, cultivadores, colheitadeiras e retroescavadeiras) totalizaram 46.500 unidades, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
"Já estamos readequando a nossa produção à queda da demanda", informa Jack Torreta, que descarta, por enquanto, a possibilidade de corte de pessoal.
Na semana passada, a New Holland, empresa do grupo Fiat que produz tratores e colheitadeiras, anunciou a demissão de 370 funcionários de sua fábrica de Curitiba (PR).

Revendedores
Outros fabricantes, segundo apurou a Folha, cancelaram a encomenda de peças e avaliam a hipótese de conceder férias coletivas para seus funcionários.
Revendedores da Maxion, Valmet e New Holland confirmam a queda das vendas.
"Fechamos poucos negócios durante a Expogrande", diz Carlos Pereira França, gerente de vendas da Turim, revendedora da New Holland em Campo Grande (MS), referindo-se a maior feira agropecuária do Mato Grosso do Sul. A Expogrande foi encerrada na semana passada.
Os negócios com máquinas agrícolas também decepcionaram as concessionárias da Valmet (Nortrac) e Maxion (Transparaná), que participaram, entre os dias 25 de março e 10 de abril últimos, da Exposição Agropecuária de Londrina (PR).
"Não vendemos nada", diz Martin Stremlow, gerente geral da Nortrac.
Luiz Carlos Furlan, diretor da Transparaná, diz que as vendas caíram 60% nos três primeiros meses deste ano, em relação a 94.
O curioso é que na mesma feira foram vendidos 54 carros importados (US$ 2 milhões).

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