São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Mercado de discos vive fase de segmentação

MARCEL PLASSE
ESPECIAL PARA A FOLHA

A ordem é segmentar. Além do Super Demo, que está saindo agora com o Planet Hemp, dois novos selos, afiliados às grandes gravadoras, consolidam a tendência no mercado de discos.
Virgin e East West chegam para disputar espaço com divisões já consagradas nas grandes gravadoras do país -como Chaos (com o qual o Super Demo divide a estrutura na Sony), Plug (na BMG) e nada menos do que nove selos afiliados à Warner.
A estratégia decorre de uma perspectiva otimista de mercado. Segundo João Paulo Mello, 37, diretor-geral da Virgin no Brasil, a indústria espera vender 70 milhões de discos em 1995.
O sucesso da parceria Banguela-Warner e o estouro comercial do pequeno selo Paradoxx respondem pelo estímulo à segmentação.
Com apenas três funcionários, Banguela foi responsável pelo maior êxito do rock brasileiro em 1994: o grupo Raimundos, com 170 mil cópias vendidas de seu disco de estréia.
A Paradoxx também vendeu toneladas de "dance music" (chegou a 300 mil unidades com o CD "As Sete Mais da Jovem Pan"), despertando as grandes companhias para o segmento.
Assim, o selo East West, subdivisão da Continental (empresa do grupo Warner), vai se dedicar à "dance music". Super Demo volta-se para novos grupos de rock brasileiro. E a Virgin, que desde a semana passada se separou da EMI, possui um amplo catálogo internacional e também pretende contratar artistas brasileiros.
As tentativas de segmentação começaram há dez anos, com o selo Plug, da BMG, mas sem retorno comercial. O Plug voltou em 94 com novos artistas: Professor Antena, Patu Fu e Ataliba.
"A diferença básica desses dez anos", explica Maurício Valladares, 41, diretor-artístico da nova versão do Plug, "é que antes tudo era feito no rompante".
Apostava-se no momento econômico, de aparente prosperidade, do Plano Cruzado (de 1986). "Chegavam a sair cinco discos por mês", compara Valladares. "Hoje, nem Plug nem Banguela e nem Chaos lançam uma banda por mês. Já se sabe que o mercado e a mídia não absorvem."
Como o elenco de artistas nacionais das grandes gravadoras é bastante reduzido (a Warner, por exemplo, tem apenas dez contratados), os pequenos selos são a melhor alternativa para as "majors" testarem novos grupos.
Foi o caso dos Raimundos. Ronaldo Cavichia, 27, responsável pelo acompanhamento dos selos distribuídos pela Warner, diz que a gravadora ficou impressionada com o sucesso do grupo. E, como o contrato dos Raimundos com o selo Banguela termina no próximo mês, a Warner está inclinada a contratá-los diretamente.
O Banguela é apenas um entre nove selos distribuídos pela Warner (a lista inclui MZA, Dubas, Leke, Latt, Quilombo, GGM, MPBrasil e Dabliú).
O lançamento do disco "Meu Nome É Edu K", do vocalista do grupo DeFalla, previsto para o próximo mês, chegou a ser disputado entre dois selos da Warner. O Banguela perdeu para o Dabliú, mostrando que a competição, mesmo entre segmentados de uma mesma companhia, é séria.

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