São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Como chegar a 'Inocência'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Walter Lima Jr. se aproximou de Lima Barreto (1906-1982) quando o realizador de "O Cangaceiro" agonizava num hospital, como indigente. Dessa aproximação resultou "Inocência" (Bandeirantes, 23h30).
O romance de Taunay havia sido primeiro um projeto de Humberto Mauro, o pioneiro. Mauro ofereceu o projeto a Lima Barreto, como presente de casamento.
Mas também Lima Barreto não conseguiu realizá-lo. O encontro tardio levou Lima Jr. a descobrir o roteiro e a, enfim, filmá-lo.
Passemos pelo filme, que conta a história do amor impossível entre uma moça doentia do interior (Fernanda Torres) e o médico que consegue curá-la (Edson Celulari).
O fato é que Lima Jr. reconstituiu toda uma linhagem do cinema brasileiro a partir de uma situação afetiva: a impossibilidade de suportar com indiferença a agonia e o esquecimento em que se encontrava um importante cineasta. Uma indiferença que foi mais ou menos geral na época, essa é a verdade.
Este filme, um dos melhores produzidos no Brasil nos anos 80, é de certa forma o relatório de uma trajetória exemplar, e de certo modo a constatação de que a história se escreve na continuidade.
"Inocência" faz essa ligação entre três gerações: Mauro (os anos 20/30), Lima Barreto (os anos Vera Cruz) e Lima Jr. (Cinema Novo). No mais, o filme beneficia-se de interpretações sensíveis, de uma ótima fotografia e de uma reconstituição de época em que a inteligência coincide com a fidelidade.
(IA)

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