São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Japão acha ossadas com a seita Aum

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia japonesa encontrou fragmentos de ossos de crianças em uma instalação da seita Aum Shinrikyo (Ensinamento da Verdade), acusada pelo atentado com gás no metrô de Tóquio, em 20 de março, que deixou 11 mortos e 5.000 pessoas intoxicadas.
Segundo o jornal "Tokyo Shimbun", fragmentos de ossos de pelo menos duas crianças com idades entre cinco e dez anos, aparentemente cremadas, foram encontrados num edifício da seita a oeste da capital japonesa.
Uma urna em forma de pirâmide, de um tipo especial usado pela seita, foi encontrada perto do local onde o grupo mantinha seu helicóptero, afirmou o jornal.
Examinados por cientistas, os ossos não forneceram informações suficientes para determinar a causa e a época da morte das crianças. A seita não havia relatado a morte de nenhuma criança às autoridades.
Prédios pertencentes à Aum Shinrikyo têm sido alvo de buscas policiais quase diárias desde o atentado com o gás venenoso sarin no metrô de Tóquio.
Num complexo da seita no sopé do monte Fuji, a cerca de 100 km de Tóquio, foram encontrados depósitos com toneladas de produtos químicos e laboratórios onde especialistas afirmam ser possível produzir o gás sarin.
Também houve relatos de que foram encontradas amostras de bactérias que estariam possivelmente sendo usadas em pesquisas para o desenvolvimento de armas biológicas.
A seita está sendo investigada por manter alguns de seus membros em cárcere privado, por aliciamento ilegal e por suposto envolvimento em homicídio.
Membros da seita também são suspeitos de participação na tentativa de homicídio contra o chefe da Agência Nacional de Polícia do Japão, no dia 30 de março.
O guru barbado Shoko Asahara, líder da seita, continua foragido. Mais de 80 integrantes da Aum Shinrikyo já foram presos desde o ataque ao metrô.
Ontem foi preso Tomomitsu Niimi, 31, considerado o "ministro do Interior" da seita, acusado de ocultar o paradeiro de Asahara.
Ele também é suspeito de manter em cárcere privado uma mulher de 29 anos que queria abandonar a seita no ano passado.
O grupo nega qualquer envolvimento no atentado, que diz ser obra dos governos do Japão e dos EUA, aliados à organização humanitária budista Soka Gakkai, cujo objetivo seria atingir membros da Aum Shinrikyo.
Os sectários dizem que seguem preceitos do hinduísmo e do budismo, religiões que prescrevem a cremação dos mortos.

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