São Paulo, quinta-feira, 13 de abril de 1995
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Eleição na Fiesp; Prisão de Canhedo; Entrevista de ACM; Collor de volta; O Brasil não deve esquecer; Trabalho depois dos 40

Eleição na Fiesp
"Em relação à longa e interessante matéria de Frederico Vasconcelos, publicada na Folha do dia 9/04, sob o título 'Fiesp deve reeleger Moreira Ferreira', gostaria de apresentar minhas observações sobre alguns pontos. 1) A questão de eu ser ou não um industrial. Essa questão de que a área de energia elétrica não seria industrial foi colocada há três anos no contexto de uma campanha eleitoral duramente disputada e que me levou à presidência da Fiesp/Ciesp. Questão que ficou completamente esvaziada e refutada pelo próprio resultado das urnas. Como acionista e presidente de três companhias privadas de energia elétrica que transmitem e distribuem energia gerada de usinas próprias e de terceiros, sou tão industrial quanto qualquer outro integrante de nossas entidades. Produzir energia elétrica é obviamente uma atividade industrial, uma 'utility' como dizem os americanos. Foi a estatização maciça do setor elétrico no Brasil que quis tirar de nossa atividade a imagem de um setor industrial privado e competitivo, como vinha sendo por mais de meio século, antes dos anos 60. 2) Jamais declarei que 'ninguém governa o país sem o apoio da Fiesp'. 3) Corrijo, de forma pontual, algumas incorreções a respeito dos novos estatutos da Fiesp e do Ciesp. O diretor-secretário e o diretor-tesoureiro (este passou a ser chamado diretor financeiro) podem ser reeleitos apenas uma só vez. Não foi eliminado o posto de presidente emérito da Fiesp/Ciesp, mas estabeleceu-se uma idade mínima (65 anos) para essa escolha e as condições de que o escolhido não integre a diretoria-executiva das entidades e já tenha sido presidente delas. Eliminou-se o posto de presidente de honra. 4) Não existem mais dois sindicatos, um para chapéus de homem, outro para chapéus de mulher. Há um antigo sindicato da indústria de chapéus e um novo sindicato da indústria de vestuário feminino e infanto-juvenil de São Paulo. 5) Os diretores regionais, que segundo a sondagem da Folha me deram a significativa nota média de atuação de 8,5, das quais quatro 10, não foram diretamente escolhidos por mim. Os conselhos das diretorias regionais, em pleito direto, escolheram uma lista tríplice de candidatos e a submeteram ao presidente da Fiesp/Ciesp; eu então designei um deles para diretor regional, atendendo sempre ao critério do mais votado da lista. Com os novos estatutos, revisados em minha gestão, tal disposição passou a ser estatuária -os mais votados sempre serão os diretores regionais independentemente da lista tríplice e da vontade do presidente."
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Federação e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo -Fiesp/Ciesp (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Frederico Vasconcelos - 1) A declaração de que "'ninguém governa o país sem o apoio desta casa" foi publicada em 1989 e não contestada, na ocasião, por Moreira Ferreira; 2) os dois sindicatos de chapéus constam da própria listagem da Fiesp; 3) as demais observações apenas reforçam os avanços introduzidos pelo presidente da Fiesp e registrados na reportagem.

Prisão de Canhedo
"Excelente o editorial da Folha de 7/04 sobre a prisão de Wagner Canhedo -detido por dívidas uns 200 anos depois que ter dívidas deixou de ser crime. É ler e concordar. Canhedo deve ao Banespa uns US$ 200 milhões. O banco quer receber as dívidas atrasadas. Mas o governo deve uns US$ 12 bilhões ao Banespa -e não ouvimos, até agora, nenhum pedido de prisão de Mário Covas. Não foi Covas quem contraiu a dívida: foram os governos anteriores. Também não foi Canhedo quem contraiu a dívida da Vasp: foram os proprietários anteriores. Canhedo se tornou responsável pela dívida ao comprar a empresa. E Covas se tornou responsável pela dívida ao eleger-se governador. É claro que não pensamos na prisão por dívidas do governador. Da mesma forma, a prisão de Canhedo foi absurda. Nem seus inimigos mais ferrenhos o consideram um perigo à segurança pública, para que seja preciso encarcerá-lo. Isto é, mais do que absurdo, ridículo. Para o banco, é claro que cobrar o governador, eleito por votação expressiva, é difícil; mais fácil é cobrar de um empresário. Então, que seja cobrado, protestado, penhorado. A Vasp tem mais de 20 Boeings. Que sejam exigidos em garantia, ou tomados. Vendidos os jatos, o Banespa poderá recuperar ao menos em parte o dinheiro que não consegue receber. Mas de que maneira serão ressarcidos os prejuízos do banco colocando Canhedo na cadeia? Ambos trabalhamos na Vasp, com Canhedo, até três anos atrás. Mantemos com ele boas relações. Sabemos que não há por que temê-lo. É um empresário, com as virtudes e os defeitos dos empresários. E responde por uns 10 mil empregos diretos, colocados em risco por atitudes pouco racionais. Nos tempos bíblicos, todos os pecados do povo eram simbolicamente atribuídos a um bode. Soltavam-no no deserto, para que os expiasse. Hoje, ninguém pensa em soltar um bode para que os pecados desapareçam. Mas a tradição sobrevive, modificada. Em vez de solto, o bode expiatório é preso. E todos batem no peito, orgulhosos de não ter pecado."
Carlos Brickmann e Valéria Baracat, jornalistas (São Paulo, SP)

Entrevista de ACM
"Parabéns a Cosette Alves pela entrevista do dia 2/04 na Revista da Folha. Realmente, extrair informações de uma figura polêmica como o senador ACM não é tarefa simples. O texto conseguiu despertar acirradas e apaixonadas discussões na minha roda de amigos no domingo à noite (alguns deles jornalistas de outras áreas), e a opinião geral é que o texto é muito bom."
Celia Berardi (São Paulo, SP)

Collor de volta
"É o cúmulo abrir o jornal dois dias seguidos e ver publicadas na seção Frases singelas mensagens ao presidente Fernando Henrique Cardoso de alguém que deveria desaparecer do noticiário: Fernando Collor de Mello. Como se já não bastasse aquela remota fotografia que fez parte da primeira página desse jornal, agora esse sr. vem querer dar sugestões ao governo ou, pretensiosamente, criticá-lo."
Ana Paula Mira (São Paulo, SP)

O Brasil não deve esquecer
"Vergonhoso o artigo 'Anistia não é perdão', do senador Humberto Lucena (edição de 11/04). Não é de esquecimento que o Brasil precisa, sr. Lucena. Precisa é de lembrança de consciência de honestidade e dignidade."
Ricardo Indig Teperman (São Paulo, SP)

Trabalho depois dos 40
"O objetivo da presente é, em primeiro lugar, parabenizar Clóvis Rossi por sua coluna. Trata-se inquestionavelmente da melhor coluna da imprensa nacional. Gostaria também que ele visse o edital de convocação para exame de ingresso à magistratura no Estado de São Paulo. Ali poderá ver como é difícil empregar-se quando se tem mais de 45 anos. Para o concurso citado, não se pode ter mais de 45 anos. Como se o fato de se ter essa idade não contribuisse para que as decisões judiciais sejam equilibradas."
S. Simões Jr. (São Paulo, SP)

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