São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Droga anti-HIV reforça defesa do organismo

DA REDAÇÃO

Cientistas do Reino Unido, França e Suíça publicaram na revista científica "Lancet desta semana as conclusões de um trabalho conjunto para desenvolvimento de uma nova droga contra o HIV -o vírus causador da Aids.
A droga, chamada de "saquinavir, foi testada em 44 homens portadores do vírus. No início do estudo, os voluntários ainda apresentavam pouco ou nenhum sintoma da doença, mas seu número de células CD4 já começava a cair.
As células CD4 fazem parte do sistema imune humano e são alvo preferencial do HIV. Sem elas, o organismo não consegue combater o vírus causador da Aids.
O saquinavir conseguiu melhorar o estado do sistema imune dos pacientes, provocando aumento no número de células CD4 em seus organismos.
A equipe de cientistas, liderada por Valerie Kitchen, da Escola Médica do Hospital Saint Mary de Londres (Reino Unido), acredita que o estudo mostra um novo caminho para o tratamento de infecções pelo HIV.
O medicamento funciona através da inibição de uma enzima -proteína que facilita reações químicas- que o HIV produz para ajudá-lo na sua duplicação.
Segundo os cientistas, sem a ação desta enzima, apenas partículas não-infecciosas do vírus passam a ser produzidas.
Durante o estudo, que durou 16 semanas, os pacientes recebiam aleatoriamente uma de quatro doses da droga (25, 75, 200 ou 600 mg), tomadas três vezes por dia.
Os pesquisadores identificaram aumento no número de células CD4 em todas dosagens, mas os melhores resultados aconteceram com a maior delas (600 mg).
Os dados sobre a virulência são mais difíceis de interpretar, segundo os pesquisadores. Ainda que mais pacientes das dosagens maiores tenham apresentado boa redução na quantidade de vírus no sangue, na maioria dos pacientes de todas as dosagens isso não aconteceu de maneira significativa.
James Lipsky, da Fundação Mayo (EUA), observa que resultados semelhantes foram obtidos através de outra drogas que atuam de maneira semelhante.
Ele ressalta que o fato de o saquinavir não afetar outras células do organismo é bem-vindo.

Violência
Outro estudo, da Universidade de Ghent (Bélgica), publicado na mesma revista, mostra que mulheres do Quênia são agredidas pelos maridos, quando lhes contam que são portadoras do HIV.
O estudo, que durou três anos, visava saber os efeitos da infecção pelo HIV na gravidez. Durante os primeiros dois anos, de 234 mulheres estudadas, 66 contaram aos maridos que tinham o HIV.
No terceiro ano, as mulheres decidiam se queriam ou não saber o resultado dos testes. Apenas 35% quiseram e, mesmo assim, foram agredidas pelos maridos.

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