São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995 |
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Veja por que um contrato afeta outro
GUSTAVO KRIEGER
O problema é que o governo impôs uma sociedade entre a Esca e o consórcio de empresas que vai fornecer os equipamentos do Sivam, liderado pela empresa norte-americana Raytheon. Toda a negociação do contrato com a Raytheon, que já dura oito meses, foi feita prevendo esta sociedade. O contrato entre o governo e a Raytheon tem o valor de US$ 1,4 bilhão. Deste total, cerca de US$ 120 milhões seriam pagos para a Esca. A empresa não tem a CND (Certidão Negativa de Debito) da Previdência. Sem este documento, não pode assinar nenhum contrato com o governo. Se a Esca for afastada do Sivam, o governo terá que administrar ainda um problema político. A empresa foi escolhida sem licitação, porque a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e o Ministério da Aeronáutica afirmavam que só ela preenchia os requisitos necessários para ser a "integradora nacional" do Sivam. A integradora nacional teria que ser uma empresa brasileira, que cuidasse do desenvolvimento e armazenagem da tecnologia de operação do Sivam. Seu papel, segundo o governo, seria estratégico: manter no Brasil a inteligência do sistema. O governo promoveu uma "seleção" para escolher a integradora nacional, mas exigiu que as empresas interessadas comprovassem grande experiência em desenvolvimento de sistemas de tráfego aéreo. A única empresa brasileira que poderia comprovar esta experiência era a Esca, que desenvolveu o Cindacta, sistema de controle de tráfego aéreo que funciona na maioria dos aeroportos do Brasil. Se o governo quiser substituí-la, terá que escolher uma empresa com experiência menor que a exigida no primeiro processo de seleção. Isto reforçaria as denúncias de que os requisitos foram superdimensionados para favorecer a Esca, feitas por vários parlamentares. O problema do governo brasileiro é ainda maior porque o Sivam será financiado por empréstimos externos, vinculados ao contrato com a Raytheon. Se este contrato não for assinado logo, o Brasil corre o risco de perder estes financiamentos. Texto Anterior: Conheça a crise mexicana e suas implicações Próximo Texto: Exposição desembala 'O Pensador' de Rodin Índice |
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