São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Conheça a crise mexicana e suas implicações

DA REPORTAGEM LOCAL

Em dezembro do ano passado, o México quebrou. As reservas internacionais (o caixa do país em moeda forte) mostraram-se insuficientes para manter seu modelo de ajuste econômico.
O rombo foi estimado, à época, em US$ 50 bilhões (o equivalente a 10% de tudo o que o Brasil produz em um ano).
Basicamente, o México controlava seus preços com uma política de incentivo às importações.
O produto estrangeiro entrava no país, gerando déficits crescentes na balança comercial (importações cada vez maiores que as exportações), impulsionado por um dólar barato em relação ao peso (moeda local).
Para fechar suas contas, o México usava um expediente: o déficit comercial era compensado com a entrada de investimentos estrangeiros no país.
Não havia controle sobre esse dinheiro. A maior parte dos recursos que entraram é qualificada pelos economistas como dinheiro volátil (que anda pelo mundo atrás do maior lucro possível e foge ao menor sinal de perigo).
A guerrilha dos zapatistas (na região de Chiapas) e o atentado que vitimou Luis Colosio (candidato à Presidência pelo partido governista) fizeram crescer a desconfiança no país dos investidores estrangeiros -detonando uma primeira rodada de saída de recursos.
O governo tentou impedir a fuga de dinheiro revendo o câmbio (a relação entre o peso e o dólar).
O ato, porém, foi visto pelos investidores estrangeiros como o sinal de que o risco de perder dinheiro havia aumentado. Resultado: a debandada de recursos aumentou e o peso perdeu mais de 50% do seu valor em três dias.
A dimensão da crise mexicana acabou contaminando outros países latino-americanos, que desenvolviam modelos semelhantes de combate à inflação. O dinheiro estrangeiro saiu também da Argentina e do Brasil, gerando problemas e queda nas Bolsas. (JCO)

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