São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Páscoa coloca presídios de SP em alerta

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 42 presídios de São Paulo estarão a partir de amanhã em alerta máximo devido ao risco de novas rebeliões na Páscoa. A informação é do secretário da Justiça e da Administração Penitenciária, Belisário dos Santos Júnior, 46.
A previsão é de que o número de visitas aos presos dobre no feriado. Por isso, 12,6 mil funcionários irão trabalhar no trabalho de revista dos visitantes, segundo o secretário. A Polícia Militar ficará de prontidão.
Na rebelião da penitenciária 1 de Tremembé, em março, os presos aproveitaram o horário de visitas em um domingo para tomar 12 funcionários do presídio como reféns. A rebelião durou 94 horas e teve um preso morto.
"Essas rebeliões são sazonais. Vivemos um momento crítico", afirmou Santos Júnior.
Ele disse não ter nenhum indício de que haja uma ligação entre os presos que lideraram as nove rebeliões em presídios do Estado desde janeiro.
Segundo o secretário, as reivindicações dos detentos durante as recentes rebeliões são "manobras diversionistas". "O que eles querem é ganhar tempo para cavar um túnel e fugir".
Na última rebelião, os presos da Penitenciária 1 de Hortolândia se renderam na terça-feira após a descoberta de um túnel de nove metros de comprimento. Em Tremembé, os presos também estavam cavando dois túneis.
Vagas
Os presídios paulistas têm cerca de 30 mil detentos para 24,4 mil vagas. Para cada preso há 1,2 vaga no Estado -no Brasil esse número é de 2 presos por vaga. A manutenção de um preso custa 3,4 salários mínimos por mês ao Estado.
Há um déficit de 20% de vagas nas penitenciárias. "Não há como resolver esse problema a curto prazo", disse o secretário.
Segundo ele, até o fim do ano deverão ser abertas 2.400 novas vagas nas penitenciárias com a inauguração de um novo presídio e a reforma de outro.
Para vigiar os presos, existem 9.300 mil agentes de segurança. Outros 3.300 mil funcionários trabalham nas prisões. Se todos participarem do esquema de segurança de Páscoa, cada grupo de 2,4 presos seria vigiado por um homem.
A maioria dos presos de São Paulo está condenada por roubo (44%). Outros 13% estão condenados por furto, 6% por homicídio, 9% por tráfico de drogas, 5% por roubo seguido de morte e 3% por estupro.

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