São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995 |
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Concerto mostra a "Paixão" de Bach
WILLIAM LI
Concerto: A Paixão Segundo São Mateus Compositor: Johann Sebastian Bach Orquestra: Sinfônica do Estado Coral: do Estado de São Paulo Narrador: Paulo Autran Regente: Eleazar de Carvalho Onde: Memorial da América Latina (av. Mário de Andrade, 664, tel. 011/823-9866, Barra Funda, região central) Quando: hoje, às 21h Quanto: grátis Hoje, sexta-feira santa, a Orquestra Sinfônica e o Coral do Estado de São Paulo apresentam, às 21h, no Memorial da América Latina, a "Paixão Segundo São Mateus", de Johann Sebastian Bach (1685-1750), sob a regência de Eleazar de Carvalho. O narrador-evangelista será protagonizado pelo ator Paulo Autran. Os papéis de Judas, Jesus e Pilatos ficarão a cargo de Francisco Meira, Eduardo Abumrad e Ary Lima, respectivamente. Religião Bach foi talvez o mais religioso dos músicos. Segundo sua esposa Anna Magdalena (cuja biografia do músico é por vezes contestada), Bach era um homem profundamente religioso. Para ele, a música era sobretudo uma maneira de aproximar-se de Deus e levar seus ouvintes à conversão. Profundamente luteranismo (seguidor da doutrina religiosa de Martinho Lutero, 1483-1546), Bach escreveu mais de mil obras, entre elas 190 cantatas, oratórios e uma vasta obra para órgão. Humanista e ecumênico, escreveu também algumas missas e a "Grande Missa em Si Menor" para o corte católica de Dresden (Alemanha) em 1733. Oratório A igreja luterana da época condenava a ópera, por isso Bach não compôs nenhuma. Mas a "Paixão Segundo São Mateus" pode ser considerada uma grande ópera em forma de oratório. Com efeito, em "Paixão Segundo São Mateus" (composta em 1729), o drama e a contemplação religiosa se fundem; e ela se distingue por sua grandiosidade épica. Na ação, muitas vezes o coro exprime violência e horror. O texto, que mescla passagens da Bíblia luterana com versos enfáticos do pastor Brockes, atinge diretamente os ouvintes. Em sua música sacra, Bach procura sempre expressar claramente sua concepção de fé e religião. Na passagem em que o Cristo crucificado exclama: "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (segundo o evangelho de Mateus), Bach suprime todo acompanhamento orquestral e mantém apenas o baixo contínuo. Simbologia A "Paixão" está também repleta de significados simbólicos na composição: o cânon e a fuga representam a Lei e o Velho Testamento: e a polifonia espontânea, a graça libertadora do Novo Testamento. O mal é representado por escalas e arpejos rapidíssimos, associados à serpente do Éden. Até a cruz é representada por quatro notas no manuscrito de Bach. Enfim, por sua grandiosidade, misticismo e riqueza de emoções, trata-se sem dúvida de uma das principais obras sacras de Bach. Texto Anterior: Pauline Kael interpreta o papel de crítica Próximo Texto: Badaró se destaca com conforto e boa mesa Índice |
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