São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Guerrilha diz que nova ofensiva é iminente

DA "REUTER"

O Khmer Vermelho vai intensificar seus ataques contra as forças do governo do Camboja na temporada chuvosa que se aproxima. A advertência foi feita ontem por Khieu Samphan, um dos líderes da guerrilha maoísta.
"No plano militar, o governo está ficando sem soldados para combater. Nesta próxima estação de chuvas eles serão severamente esmagados", disse Samphan em uma transmissão de rádio captada pela "Reuter" em Phnom Penh.
"Neste ano, o 'duas-cabeças' já foi seriamente derrotado política, social e militarmente", afirmou o líder guerrilheiro desde uma base no interior do país.
"Duas-cabeças" é o apelido pejorativo dado pelo Khmer à coalizão partidária que governa o Camboja, encabeçada pelo príncipe Norodom Ranariddh como primeiro primeiro-ministro e pelo político pró-vietnamita Hun Sen como segundo primeiro-ministro.
A fórmula foi estabelecida após as eleições de maio de 1993, realizadas sob supervisão da ONU.
Foram as primeiras livres na história do país. O governo "duas-cabeças" foi uma forma de conciliar as forças monarquistas reunidas em torno de Sihanouk com o Partido Popular de Hun Sen, que governava desde a invasão do país pelo Vietnã, que derrubou o regime do Khmer e estabeleceu um regime pró-soviético.
Na transmissão de ontem, Khieu Samphan conclamou o Khmer a intensificar sua "luta popular e de guerrilha" contra o governo de Phnom Penh. Uma porta-voz do grupo passou então a anunciar, no "noticiário do campo de batalha", que os rebeldes retomaram uma posição estratégica que havia sido capturada em março pelas tropas do governo.
"Em 9 de abril, nosso exército e nosso povo continuaram a esmagar e a varrer as forças invasoras do 'duas-cabeças' em Boeung Pramas. Após 30 minutos de combate, nós liberamos completamente essa posição", disse a porta-voz.
Boeung Pramas fica no sopé das colinas Phnom Malai, junto à cidade de Poipet, perto da fronteira com a Tailândia. O Khmer controla a maior parte dessa região do noroeste do país.
A guerrilha disse que três soldados do Exército foram mortos, quatro ficaram feridos e um grande estoque de armas e munições foi capturado. Os rebeldes também teriam confiscado "cinco sacas de arroz importado da Austrália".
O general Nhek Bun Chhay, assessor do Estado-Maior das Forças Armadas cambojanas, disse que o comando do Exército não recebeu nenhum informe das tropas na fronteira sobre a suposta ofensiva do Khmer Vermelho.
As tropas do governo estão em alerta máximo desde hoje, dia do Ano Novo budista, por temor a ataques da guerrilha.

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