São Paulo, sexta-feira, 14 de abril de 1995
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Mais uma dura batalha

Mais uma dura batalha
Aumenta a tensão no front inflacionário. Comparados às médias dos últimos anos, os índices apurados pelos institutos de pesquisa ainda são muito bons. Mas a tendência de alta preocupa.
O IPC da Fipe, por exemplo, registrou uma inflação de 1,3% em fevereiro, 1,9% em março e 2,1% na primeira quadrissemana de abril na cidade de São Paulo. A própria Fipe prevê que a inflação no final do mês esteja mais próxima de 2,5%.
Além das dificuldades externas, o maior risco dos próximos meses é a possibilidade de que uma elevação persistente dos preços engendre a volta dos mecanismos de indexação. Evitá-los é um dos grandes desafios da estabilização. Como um dos fatores de pressão crescente tem sido o grupo de produtos industrializados, é de fundamental importância que o governo esteja atento ao desempenho e à formação de preços dos setores oligopolizados da economia.
Quando poucos grupos empresariais controlam um dado setor, o mecanismo de concorrência não pode operar plenamente. Nesses casos, a existência de preços administrados pelas empresas constitui por si só um mecanismo informal de indexação. É essa classe de distorção que justifica a mediação negociadora do governo. Trata-se, de certo modo, de estimular a concorrência nos casos em que as características do mercado dificultam que ela exista de fato.
O cenário ideal para a consolidação da estabilização é que, com o fim das correções de salário pelo IPC-r, em junho, arrefeçam também os aumentos de preços. O comportamento da inflação até lá será um fator de especial importância. Se o ritmo dos aumentos se acelerar, a pressão pela volta da indexação será maior e será mais difícil reverter a tendência de alta.
Nesse sentido, maio será um mês importante. O aumento do salário mínimo -correto do ponto de vista social- pode gerar pressões sobre os preços já ao longo do mês. Parte do salário é recebida no dia 20 e algumas compras podem ser antecipadas tendo em vista o maior salário a receber.
A luta contra a inflação promete ser dura nos próximos meses. É preciso enfrentá-la com vigor ainda maior. Afinal, dessa batalha depende em grande parte o bem-estar de todos os brasileiros.

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