São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Impunidade aumenta casos

DA REPORTAGEM LOCAL

O aumento do número de ocorrências violentas como a de ontem em Francisco Morato (Grande São Paulo) é atribuída a dois problemas principais: a impunidade dos que cometem esses crimes e a crise social no país.
"Estamos vivendo em São Paulo e Rio sob o impacto de uma cultura da violência e também da impunidade", afirma o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, João Benedito de Azevedo Marques.
"A dificuldade do Estado em apurar a autoria acaba fazendo com que os casos se perpetuem", acrescenta. "Se a autoria fosse apurada, seria um fator inibidor."
Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), membro da Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos, "o aumento da violência que estamos observando tem muito a ver com a não resolução dos problemas sociais no Brasil".
Suplicy afirma que o governo "precisa atentar para a parcela marginalizada da sociedade".
"Lembro-me de um depoimento de um líder do Comando Vermelho (organização criminosa) segundo o qual não ia adiantar o esforço das Forças Armadas no Rio enquanto não houvesse emprego para as pessoas, com uma remuneração minimamente digna", diz.
Segundo a pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre a Violência da USP, Sandra Carvalho, "há realmente um aumento crescente de chacinas, principalmente na região de Francisco Morato".
"O problema", diz Sandra, "é que esses crimes não estão tendo uma solução adequada."
"As delegacias dessas regiões são mal equipadas e os casos acabam não sendo responsabilizados. A impunidade leva, então, a esse aumento", afirma a pesquisadora, que é coordenadora executiva da Comissão Teotônio Vilela.
Para ela, em geral, a polícia tem atribuído as mortes em chacinas a brigas entre pequenos traficantes. "Mas será que são traficantes mesmo, ou será que há outras coisas por trás desses eventos?"

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