São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
Próximo Texto | Índice

Serviços domésticos sobem 116%

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os gastos com serviços domésticos (empregados e faxineiras) aumentaram 116,65% de julho de 94 (início do Plano Real) até março deste ano, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) da USP.
Como base de comparação, no mesmo período o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) foi de 23,14%. O IPC mede o custo de vida dos paulistanos com renda mensal entre um e 20 salários mínimos (R$ 70 a R$ 1.400).
Esses gastos, ao lado das despesas com alimentação, aluguel e mensalidades escolares, são os que mais têm contribuído para pressionar o custo de vida dos paulistanos que utilizam aqueles serviços.
A explicação para esse elevado aumento é simples, segundo o professor Juarez Rizzieri, coordenador do IPC da Fipe: maior demanda por serviços domésticos.
Com o real, muitas famílias que não usavam esses serviços passaram a incorporá-los ao orçamento doméstico. Como a procura por empregados domésticos e faxineiras aumentou, o custo (mensal ou diário) também subiu.
Rizzieri diz que com a maior demanda, as faxineiras, principalmente, passaram a cobrar mais pelos seus serviços. Para não perdê-las, as famílias acabam pagando o valor pedido.
Em julho, quando foi feita a conversão para o real, os gastos com serviços domésticos subiram 14,08%. Em outubro a alta foi de 12,5% e, em dezembro, de 10,48%. No primeiro trimestre deste ano os aumentos têm sido menores (ver quadro à esquerda). Mesmo assim, em fevereiro o aumento foi de 8,89%.
O aumento que os empregados domésticos terão com o reajuste do salário mínimo vai todo para o consumo, avalia Rizzieri.
O dinheiro será gasto em alimentação e serviços (cabeleireiro, manicure, barbeiro etc). Parte também será destinada ao lazer e viagens, afirma Rizzieri. No geral, o dinheiro deve ser gasto com produtos e serviços de pequeno valor.
Ele disse que não é possível avaliar qual será o total de dinheiro a mais que irá para o consumo. É que a maior parte dos empregados domésticos já ganha mais de R$ 100 por mês e, neste caso, o empregador não está obrigado a dar o aumento de 42,86%.
O professor Rizzieri não acredita que o aumento do mínimo provoque desemprego entre os empregados domésticos que trabalham em São Paulo e em outros Estados da região Sudeste.
Esse problema atinge mais os setores que pagam o salário mínimo, como a Previdência Social, construção civil, agricultura, prefeituras do interior e do Norte e Nordeste, afirma Rizzieri.
LEIA MAIS
sobre empregados domésticos à pág. 2-3

Próximo Texto: Reajuste deve elevar consumo de empregados
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.