São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Reajuste deve elevar consumo de empregados

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O reajuste do salário mínimo para R$ 100 a partir de 1º de maio deverá criar uma cadeia de reajustes nos ganhos dos empregados domésticos, diaristas ou mensalistas, que irá aumentar o consumo desses empregados em prejuízo do consumo dos patrões.
A conclusão é do economista Edward Amadeo, da PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). Segundo cálculos feitos pela equipe do boletim "Economia, Capital & Trabalho", editado pela PUC-RJ, o reajuste com base no novo mínimo vai assegurar ao empregado ganho médio de 11% no período de maio de 95 a maio de 96.
Mas esse ganho, que é extensivo a qualquer empregado e não apenas ao doméstico, só se concretizará se a inflação média do período não for superior a 3% ao mês, ou 42% ao ano.
Se a inflação média for de 4,8% ao mês (75% ao ano), o ganho com o reajuste será totalmente anulado ao longo do período, ficando o poder de compra do empregado igual ao de hoje.
Com base no IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor) em real, a inflação até junho próximo -primeiro ano do Plano Real) não deverá chegar a 40%. É que o acumulado em nove meses -julho de 94 a março deste ano- está em 27,11%.
Alternativas
Amadeo disse que para quem tem empregado doméstico só restam duas alternativas com o reajuste: ou reduz a poupança, se estiver conseguindo fazê-la, ou faz cortes em itens do consumo não essenciais, como almoços e jantares fora de casa.
Isso quer dizer que, se a inflação brasileira não disparar novamente, o reajuste do mínimo estará fazendo uma pequena redistribuição de renda nas relações de trabalho domésticas.
Amadeo adverte aos patrões que, ao fazer o reajuste, eles devem verificar se não haviam dado alguma antecipação em janeiro, por conta do abono de R$ 15 sobre o mínimo dado pelo governo. Se isso ocorreu, a antecipação pode ser descontada do reajuste em maio próximo.
Quem registrou na carteira o salário do empregado doméstico em número de mínimos (dois ou três, por exemplo) está obrigado a dar automaticamente o reajuste integral de 42,86%.

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