São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Rabino aponta elo entre credos

DA REPORTAGEM LOCAL

O rabino Henry I. Sobel, 51, lamentou durante o debate que a figura de Jesus seja, muitas vezes, fonte de atrito e ressentimento entre cristãos e judeus.
"Na verdade, Jesus foi um elo entre os dois credos. Era judeu, nascido de mãe judia e, mais ainda, se considerava um judeu fiel às suas origens", afirmou.
Segundo Sobel, os ensinamentos de Jesus derivam das tradições judaicas. "É pena que divergências posteriores tenham resultado num processo de esquecimento dessas origens do cristianismo."
O rabino afirmou que Jesus foi crucificado como criminoso político por soldados romanos e, por isso, "a acusação de deicídio (morte infligida a Cristo) que pesou durante séculos sobre o povo judeu é infundada". "Essa foi uma das principais causas do anti-semitismo", disse o rabino.
Sobel disse que, mesmo não aceitando Jesus como o messias, os judeus reconhecem nele "um grande homem, um grande mestre".
"A questão crítica para nós é a doutrina cristã de que Deus tornou-se homem e permitiu que seu único filho sacrificasse a vida para expiar os pecados da humanidade", disse o rabino.
"O judaísmo não reconhece um filho de Deus, que se destaca e se eleva acima dos outros seres humanos." Apesar disso, segundo o rabino, muitos pensadores judeus chegaram a considerar Jesus um instrumento divino para preparar "a vinda do rei Messias".
Instigado pelo padre Fernando a falar sobre a situação social do país, Sobel afirmou que a "missão do judeu é tornar o mundo mais humano, e não tornar o mundo mais judaico".

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