São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Muçulmano vê afinidades

DA REPORTAGEM LOCAL

O muçulmano Samir El Hayek, 53, tradutor do Alcorão (o livro sagrado do islamismo) para o português, disse que Jesus tem uma importância "extraordinária" dentro da sua religião.
"O profeta Mohammad (Maomé, fundador do islamismo) sempre o considerou como irmão, como sendo da mesma escola." Tanto é assim, diz Hayek, que Jesus é citado várias vezes no Alcorão.
Segundo Hayek, Maomé dizia que os ensinamentos de Jesus têm a inspiração divina. "É um profeta de Deus como Mohammad", afirmou o tradutor do Alcorão.
"Nenhum muçulmano pode negar Jesus. A partir do momento em que o nega, deixa de ser muçulmano. Isso é um preceito islâmico."
Segundo Hayek, um dos versículos do Alcorão afirma: "Seu melhor amigo é aquele que diz 'eu sou cristão"'.
Para o tradutor do Alcorão, os conflitos com cristãos vêm ocorrendo por desconhecimento destes em relação ao mundo islâmico.
"Imagens denegridas do Islã fizeram com que o cristão pensasse que o muçulmano queria destruir o cristianismo, que não tinha respeito pelos profetas judeus e cristãos. Isso é totalmente errôneo."
Ao ser perguntado sobre ações violentas de países islâmicos, afirmou que radicalismo existe em todas as religiões.
"Só que, quando se trata de muçulmanos, todo grupo radical é designado como islâmico. Mas quando surge um grupo radical de outra religião, é designado pela sua pátria ou qualquer outra coisa, menos pela sua religião."
Segundo Hayek, "todas as grandes guerras foram feitas por cristãos, mas ninguém diz que são cristãos que as fazem."

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