São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Reunião de 175 países tenta nova carta nuclear

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Começa hoje na Organização das Nações Unidas (Nova York), reunião de 175 países para discutir o futuro do Tratado de Não-Proliferação nuclear (TNP), que expirou no mês passado, após 25 anos.
Os EUA vão tentar aprovar proposta para renovar o TNP por tempo indefinido. O México e outros países do Terceiro Mundo se opõem. O Brasil é um dos dez integrantes da ONU que não assinaram o TNP.
A posição brasileira tem sido sempre a de considerar o TNP como um acordo discriminatório por estabelecer que países com armas nucleares podem mantê-las enquanto todos os demais ficam proibidos de construí-las.
O Japão e outros aliados dos EUA têm tentado convencer Washington a concordar com a possibilidade de as cinco potências nucleares se comprometerem com o seu próprio desarmamento.
Essa hipótese, no entanto, é considerada remota, embora em maio do ano passado, em comunicado conjunto após visita do premiê da Índia, Narasimha Rao, o presidente Bill Clinton a tenha aceitado pela primeira vez.
Mas o comunicado falava apenas de maneira vaga sobre "o objetivo da eliminação total" das armas nucleares. Ninguém no governo norte-americano acha viável que venha a abrir mão de seu arsenal nuclear a médio prazo.
As cinco potências nucleares -EUA, Rússia, Reino Unido, França e China- têm juntas cerca de 45 mil armas nucleares. Pelo TNP, elas se comprometem a não transferi-las a outros países.
O TNP também estabelece que todos os demais signatários concordam em nunca construir armas nucleares e aceitam os padrões de segurança do Agência Internacional de Energia Atômica para suas usinas nucleares.
O TNP reconhece a todos os países o "direito inalienável" de acesso à tecnologia nuclear para fins pacíficos. Sua renovação pode ser decidida por maioria simples dos votos de seus signatários.
Entre os países que se comprometeram com a posição dos EUA estão: Argentina, Filipinas, Etiópia, Coréia do Sul e Camarões.
Os países contrários à proposta dos EUA são, entre outros: Nigéria, Venezuela, México, Uruguai, Vietnã, Tanzânia, Iraque, Laos, Gana, Coréia do Norte, Síria, Indonésia, Egito e México.
Em Washington, considera-se importante não só a vitória na votação de maio, mas que ela seja obtida por margem que reflita efetiva liderança dos EUA no processo. Uma estreita maioria de 88 será considerada meia-derrota.

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