São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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Especialista considera acordo supérfluo

ROGÉRIO SIMÕES
DE LONDRES

As armas nucleares já não despertam interesse em muitos países, e o tratado que proíbe sua proliferação teve sua necessidade bastante reduzida com o fim da Guerra Fria entre EUA e União Soviética.
A opinião é do diretor-assistente de informação do IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos), coronel Andrew Duncan.
Para Duncan, 65, tanto a maioria dos governos como a opinião pública mundial dão hoje pouca ou nenhuma importância ao tratado.
Como o desejo de desenvolver armas nucleares seria hoje de um pequeno grupo de países, ele acredita que o fim do tratado não causaria nenhuma corrida armamentista pelo mundo.
"Acho que todo mundo superestima o risco de proliferação nuclear", diz o especialista Duncan. "Não existem muitos países hoje no mundo que tenham, ao mesmo tempo, tanto a vontade política de ter armas nucleares como o dinheiro para isso".
Segundo ele, o fim do tratado não mudaria a situação mundial, em que três países, Índia, Paquistão e Israel, são considerados extra-oficialmente possuidores da bomba atômica.
Esses países, segundo Duncan, não mudariam seu comportamento de acordo com a existência ou não do tratado.
Indianos e paquistaneses manteriam sua posição porque as armas nucleares são vitais para o equilíbrio militar da região, vizinha à China.
Israel também não revelaria informações sobre seu programa, porque sua segurança estaria hoje ligada ao mistério sobre ter ou não a bomba atômica: não revelar a verdade manteria a eterna dúvida nas mentes de possíveis inimigos no Oriente Médio.
Além deles, diz Duncan, apenas Irã e Coréia do Norte representariam algum tipo de preocupação na questão das armas nucleares.
"A Líbia poderia querer ter a bomba, ou a Síria, mas eles não teriam a tecnologia ou o dinheiro para isso".
Andrew Duncan também afirma que o tratado tem pouca força para impedir que as nações que o assinarem realmente cumpram o que ele determina.
"Mesmo se você assiná-lo é possível, a não ser que todos os olhos do mundo estejam olhando para você, seguir todo o caminho até a produção de armas nucleares", diz. "E se você não assinar, o que o mundo vai fazer sobre isso? Não há sanções automáticas contra os que não assinarem".

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