São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Motta vê "masturbação sociológica" do governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Sérgio Motta (Comunicações) criticou ontem a atuação do governo na área social. Segundo ele, o programa Comunidade Solidária, que coordena o setor, deveria ser mais agressivo e promover ações emergenciais.
"Essa masturbação sociológica me irrita", disse, referindo-se à morosidade do governo na área social.
O programa Comunidade Solidária, ligado diretamente ao Palácio do Planalto, é comandado pela antropóloga Ruth Cardoso, mulher do presidente Fernando Henrique.
Segundo ele, "masturbação sociológica" significa limitar as ações a levantamentos de dados e promoção de pesquisas socioeconômicas.
Motta afirmou que a indecisão política na área social acaba causando a morte de pessoas. O ministro disse que a atuação do governo neste setor deveria ser "mais agressiva".
Ele citou como exemplos de ações que poderiam ser adotadas pelo programa Comunidade Solidária a distribuição de cestas básicas, atuação de profissionais ligados à saúde em situações de emergência e mobilização de pessoal das Forças Armadas.
"São pequenas ações que mudam a realidade", disse Motta. Ele também citou a canalização de córregos como uma das ações que deveriam ser adotadas.
As afirmações foram feitas à bancada do PMDB na Câmara durante exposição sobre o setor de comunicações. Após o encontro, Motta quis recuar nas suas declarações: "Eu não critiquei o governo, falei como cidadão, e a opinião geral é que a área social está tímida".
Mas em seguida, voltou às críticas: "Tem que ter vontade política de fazer", disse ele, referindo-se à suposta timidez do governo na área social. Ao responder sobre o que seria esta "vontade política", o ministro disse: "Chama, mobiliza e faz".
Motta também reconheceu problemas na atuação política do governo. "Ocorreram algumas besteiras de ordem política e de encaminhamento de questões no Congresso", disse ele.
A afirmação foi feita depois que o deputado Edinho Bez (PMDB-SC) criticou a postura do governo diante de seu partido.
Segundo Bez, o governo deixou que o PT capitalizasse politicamente o aumento do salário mínimo sendo que o PMDB seria o responsável pela medida. "Falta tesão", disse o deputado, referindo ao ânimo dos peemedebistas para brigar pelo governo.
Motta afirmou que começará a despachar às terças e quartas-feiras na liderança do governo no Congresso para "resolver dúvidas" dos parlamentares.
Disse que aceitará indicações feitas pelo PMDB de profissionais do setor para ocupar postos do Ministério das Comunicações em São Paulo, governado pelo tucano Mário Covas. "O PMDB também apóia o governo", disse.

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