São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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CNBB aponta "desmanche" de área social

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

Documento do setor Pastoral Social da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) classifica de "assustador" o quadro de "desmanche das leis, instituições e mecanismos" que cuidam da ação social no governo federal.
A análise classifica a criação do programa Comunidade Solidária de "único e tímido aceno" na área social. O programa é presidido pela antropóloga Ruth Cardoso, mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo o documento, que servirá de base para um encontro da CNBB a partir do próximo dia 27, a situação do país parece indicar uma hegemonia "de forças conservadoras e fisiológicas".
Fisiologismo é o conjunto de práticas políticas baseadas na troca de favores ou cargos.
O trabalho foi apresentado ontem no Rio pelo padre Virgílio Uchôa, da CNBB, em uma reunião ampliada do CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social), órgão ligado ao Ministério da Previdência Social.
Segundo o documento, o governo não tem avançado no combate à corrupção. De acordo com a análise, passados três meses da posse de FHC, "começa a crescer a desconfiança de que os planos e promessas de campanha não passaram de propaganda eleitoral".
"Tem-se a impressão de que ele (o governo) aposta única e exclusivamente na estabilização e consequente crescimento econômico como solução para a integração dos excluídos", diz o trabalho.
Presente à reunião, o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, criticou os que procuram um "salvador" no Estado ou no mercado.
Isto porque, segundo ele, o Estado "é apropriado pelas elites dominantes e faz o discurso do dominado".
Betinho disse que ainda é cedo para criticar o programa.

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