São Paulo, quarta-feira, 19 de abril de 1995
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Cobrança usa falência como arma para receber

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O expediente mais usado pelas firmas de cobrança neste momento de alta inadimplência tem sido pedir a falência dos devedores.
"Quando uma empresa não quer pagar, peço sua falência. Aí ela acaba dando um jeito. Pedidos de falência aparecem nos jornais e podem quebrar qualquer companhia", diz Carlos de Souza, dono da C.Scheel Cobrança, que cobra maus pagadores em todo o país.
Segundo ele, sua empresa tem feito "de um a dois" pedidos de falência por dia.
Quando uma empresa tem sua falência pedida, normalmente os fornecedores evitam vender a prazo, piorando suas dificuldades.
Outra empresa do ramo, a Central de Cobrança SC, tem usado acordos e cobranças judiciais para reaver dinheiro de pessoas físicas.
"Há devedores de todos os tipos, da classe alta à baixa", diz Pedro Paulo de Souza, supervisor da empresa, que administrava ontem 700 cobranças.
Empresas desse ramo têm contratado mais pessoal e advogados para dar conta do serviço. Geralmente, estas firmas recebem como pagamento de seus clientes (lojas e indústrias) entre 15% a 20% do valor das dívidas que cobram.
Nas cobranças judiciais, as lojas raramente aceitam de volta produtos como geladeiras e fogões. Os bens geralmente requisitados pela Justiça são carros e telefones.
Cheques
O volume de cheques sem fundos emitidos em março foi 106,8% maior do que em março de 1994. Do total dos cheques "passados" no Estado de São Paulo em março, 3% não foram pagos.
O número é praticamente igual ao de fevereiro -mês que tem um índice alto por causa das vendas com cheques pré-datados feitas no Natal. "Os cheques sem fundo continuam em alta", diz Antonio Afonso, diretor da Teledata, que consulta cheques para 18 mil empresas no Estado de SP.

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