São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Cortes afetam os militares

JOMAR MORAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os ministérios militares também enfrentam dificuldades por causa da política de contenção de gastos do governo federal.
A avaliação feita internamente pelas Forças Armadas é que não será possível manter os ministérios em pleno funcionamento, caso seja implementado o corte pretendido pela área econômica.
A proposta inicial do Ministério do Planejamento era cortar da Marinha, Aeronáutica, Exército e Emfa um total aproximado de R$ 1 bilhão, ou 44,6% dos repasses recebidos do Tesouro Nacional para custeio (exceto pessoal) e investimentos dos quatro órgãos.
No Ministério do Exército, por exemplo, se implementado o corte pretendido, de 40,6%, fora os gastos com salários (que estão garantidos), mal sobrariam recursos para alimentação dos recrutas.
A parte administrativa ficaria sem dinheiro para as despesas mais elementares -até com material de escritório.
"Já estamos numa situação limite. Novos cortes poderão resultar no desaparelhamento acelerado do acervo existente e na inoperância do sistema", disse o capitão de mar-e-guerra Wellington Liberati, assessor de Comunicação Social da Marinha, em abril.
Lucena
Outro exemplo de paralisação está instalado nos próprios domínios do ministro do Planejamento, José Serra, um dos alvos preferenciais de ministros de caixa vazio e em dificuldades políticas.
Trata-se da Secretaria de Desenvolvimento Regional, herdeira de atribuições e órgãos do antigo Ministério da Integração Regional.
O orçamento da secretaria supera o de alguns ministérios: R$ 1,6 bilhão, mais R$ 14 milhões para ações de defesa civil. No mundo real, o titular do órgão, Cícero Lucena, só pôs a mão, até março, em menos de R$ 100 milhões.
Essa limitação já custou ao peemedebista Cícero Lucena, ex-governador da Paraíba, até um movimento de políticos nordestinos pedindo sua demissão do cargo.
Livrou-se, ao menos temporariamente -reagiu atirando contra o clientelismo de parlamentares e governadores e jurando fidelidade ao ministro José Serra.

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