São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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'Os outros padres são omissos'

FERNANDO MOLICA
DO ENVIADO ESPECIAL

O padre Joel de Oliveira tem uma explicação simples para os que se espantam com suas atitudes: a de que ele se limita a seguir a doutrina e os ensinamentos da Igreja Católica.
"A igreja não permite o uso de preservativos, pílulas anticoncepcionais ou qualquer outro meio artificial de se impedir a gravidez", afirma o padre.
Para ele, seus gestos só causam espanto devido a uma acomodação dos outros padres. "Ao contrário do papa, os padres não querem comprometer-se e são omissos na divulgação destas proibições da igreja", argumenta.
O padre Joel não aceita nem sequer a argumentação do cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, que, em entrevista à Folha, considerou o uso de camisinha um "mal menor" diante dos riscos da Aids.
Nascido na cidade de São Paulo (SP), padre Joel foi ordenado sacerdote há três anos no seminário de Anápolis (a 72 km de Pirenópolis, em Goiás).
Ele escolheu estudar em Anápolis "porque lá o seminário é fiel à igreja e ao papa".
Superior imediato do padre Joel, o bispo de Anápolis, d. Manoel Pestana, 65, admite "alguns exageros" na atuação do sacerdote. Ele atribui isso à "inexperiência" do padre.
"Ele (Joel) é um homem muito sincero, objetivo, realista e zeloso. Apesar de atitudes mais radicais, ele está correto nos seus princípios", afirma o bispo.
Ao contrário de seu subordinado, d. Manoel afirma que nunca recomendou que a comunhão fosse negada a donos de farmácias que vendam camisinhas e anticoncepcionais: "É um problema delicado".

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