São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Redes avaliam investir em novo formato de comércio

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

A rede norte-americana Wal-Mart e o grupo mineiro Apoio não são os únicos interessados em explorar no país a modalidade de clube atacadista ("warehouse club").
Uma das potências internacionais do setor, a Price-Costco, cujo maior acionista é o Carrefour, também avalia sua entrada no mercado brasileiro. A rede norte-americana opera 200 lojas distribuídas nos EUA, México e Inglaterra.
Sabe-se que o Pão de Açúcar também tem planos de abrir lojas desse tipo. As condições são favoráveis: o hábito de comparar preços foi intensificado após o Plano Real, segundo apontam as pesquisas.
"A proposta básica dos clubes atacadistas é vender mais barato qualquer tipo de produto", diz o consultor Marcos Gouvêa de Souza.
"Isso é viabilizado pela taxa de filiação cobrada dos clientes, que chega a representar até 15% do lucro final da operação."
Também colaboram para a redução de custos administrativos o despojamento das lojas e a simplificação dos serviços. Enquanto nos super e hipermercados as despesas sobre as vendas representam 16%, nos clubes de compras oscilam de 8% a 10%.
Segundo Souza, esse formato começou a prosperar há uma década e detém atualmente cerca de 5% do varejo não-alimentício nos EUA.
"Para ter sucesso boas intenções não bastam: é necessário assegurar volumes significativos de vendas", afirma o consultor.
Uma estratégia certeira para atrair público é promover descontos. Essa prática foi adotada pelo Apoio, que baixou esta semana os preços de perecíveis.
Como operam os rivais
Quem ganha com o inesperado lance de marketing do grupo Apoio é o consumidor.
Na próxima semana, quando o Sam's Club abrir as portas, em São Caetano do Sul (região do ABCD paulista), os clientes poderão confrontar preços.
Em São Paulo, as lojas concorrentes têm idêntica área de vendas, mas há diferenças operacionais.
O Clube de Compras Apoio comercializará 8.000 itens; o Sam's Club, 3.000. Em compensação, a loja da Wal-Mart venderá também computadores, material de escritório e móveis.
Nas prateleiras do Sam's Club as mercadorias serão exibidas em embalagens múltiplas ou industriais. A rede deve introduzir marcas próprias, a exemplo das que são vendidas em 450 clubes de compras presentes em cinco países.
O Clube de Compras Apoio não planeja desenvolver marcas, mas anuncia uma novidade: adaptou o tamanho das embalagens ao gosto do consumidor brasileiro.
Amaciante de roupa e maionese, por exemplo, estão disponíveis em potes de 2,5 l. "Nas lojas internacionais dessa modalidade, as quantidades mínimas são maiores", diz Giorgetti.
A taxa de filiação para pessoas físicas tem valor praticamente idêntico em ambas as lojas: R$ 30,00 no Sam's Club e R$ 29,60 (equivalente a 42 Ufirs) no Apoio.
Já a inscrição para comerciantes é gratuita no Apoio. Eles deverão formar 40% do quadro de clientes associados. No Sam's Club será cobrada taxa de R$ 25,00. Além da loja de São Caetano serão inauguradas outras duas, em Santo André e Osasco.

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