São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 1995
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Revista francesa faz homenagem a Senna

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

A uma semana do primeiro aniversário da morte de Ayrton Senna, a revista francesa "Paris Match" dedicou sua capa ao brasileiro.
O semanário francês publica fotos da bagagem que ele levara à Itália para o Grande Prêmio de San Marino.
Naquela corrida, Senna sofreu o acidente que o matou no circuito de Imola, em 1º de maio de 1994.
As fotos, de Gianni Giansanti, mostram o conteúdo de uma mala e uma maleta 007 -guardadas por Leonardo Senna, irmão de Ayrton, tal como o piloto as deixara- e objetos pessoais (veja quadro).
"Da extraordinária aventura do piloto mais talentoso de sua geração, restaram apenas algumas lembranças, que um país inteiro vela cuidadosamente", afirma o texto que acompanha as fotos na revista francesa.
Dentro da Bíblia que pertencia a Senna, há uma flor seca. Vários versículos são marcados com tinta amarela fluorescente.
Entre esses versículos, vários do Livro de Isaías, como:
"Porém, os que esperam no Senhor adquirirão sempre novas forças, tomarão asas como de águia, correrão, e não se fatigarão, caminharão, e não desfalecerão." (capítulo 40, versículo 31).
Colados do lado interno da capa da Bíblia, dois adesivos -um representando o capacete do piloto e outro com a frase "Sorria - Jesus te ama", sobre fundo florido.
Na casa do piloto em Tatuí (135 km a oeste de São Paulo) também há uma foto autografada do ex-piloto argentino Juan Manuel Fangio, cinco vezes campeão mundial.
No retrato autografado, Fangio escreveu em 14 de novembro de 1993: "Ao meu amigo Ayrton Senna, com afeto e admiração".
Ao lado, a foto de Senna ilustra o calendário "de um ano cujo fim ele não veria jamais", relata a revista, melodramática.
Vídeo
A popularidade do piloto Ayrton Senna na França era comparável à de seu maior rival, Alain Prost, quatro vezes campeão mundial.
Um exemplo disso é o fato de que uma produtora de vídeo francesa está realizando um documentário sobre a vida do piloto brasileiro.
A mesma produtora fizera outro vídeo sobre ele, "Ayrton Senna, o automobilismo no sangue".
O vídeo foi realizado após o terceiro título mundial conquistado pelo brasileiro, em 1991.
Nele, Senna falava dos acidentes que sofrera:
"Você vê o quanto é frágil. Não tem qualquer poder para fazer alguma coisa. Pode desaparecer em uma fração de segundo. Aí você percebe que não é nada e que sua vida pode ter um fim repentino", admite o piloto.
"Isso te faz perguntar: 'Vale mesmo à pena fazer isso? Por quanto tempo continuar?' Você sabe que pode encarar situações inesperadas, mas isso é parte de sua vida. Você as encara ou abandona. E eu gosto demais do que faço para abandonar", acrescenta.

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